Renamo participará nas eleições de Outubro mesmo sem acordo de cessar-fogo

Movimento diz que não boicotará presidenciais se Governo suspender acções militares.

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Afonso Dhlakama foi candidato nas presidenciais de 2009 REUTERS/Grant Lee Neuenburg

O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, abriu a porta a uma candidatura em nome do seu partido nas próximas eleições presidenciais de Moçambique, a 15 de Outubro, mesmo que não seja possível assinar um acordo de cessar-fogo com o Governo de Maputo antes da ida às urnas.

As negociações entre o Governo e a Renamo caíram num impasse, sem que os dois lados aceitem algumas das exigências para pôr fim ao conflito: o partido de oposição reclama a integração dos seus combatentes nas Forças Armadas de Moçambique, enquanto o executivo insiste que a situação só será normalizada com a entrega das armas

“O problema não é a assinatura do acordo”, disse à AFP o chefe da antiga guerrilha e líder da oposição, que está escondido nas montanhas da Gorongosa desde Outubro de 2013, quando as forças do Exército atacaram o quartel-general do seu movimento em Sadjunjira.

Numa conferência de imprensa por telefone satélite, Dhlakama deixou entender que se o Governo puser fim às acções militares contra a Renamo, o seu movimento não boicotará o acto eleitoral – e ele próprio encabeçará uma candidatura presidencial.

“Mesmo que não seja possível chegarmos a um acordo a 100%, se houver entendimento para o fim do tiroteio e uma garantia de que as coisas serão reguladas, não há razão para que as eleições não decorram com normalidade”, referiu.

O líder da Renamo aproveitou a campanha da comissão eleitoral para o registo de eleitores na província de Sofala, em Maio passado, para fazer o seu recenseamento eleitoral. No fim de Junho, Dhlakama fez o discurso de abertura de um comício do partido na cidade da Beira, na véspera do Conselho Nacional formalizar a sua escolha para candidato presidencial.

Dhlakama concorreu em todas as eleições presidenciais de Moçambique depois do fim da guerra civil do país, em 1994. Até agora, todos os Presidentes foram eleitos pela Frelimo, incluindo o actual chefe de Estado, Armando Guebuza, que o líder da Renamo acusou de fraude eleitoral.

Aos jornalistas, o dirigente da oposição acusou ainda Guebuza de estar a arranjar pretextos para adiar as eleições e manter-se no poder. “A Frelimo tem medo de perder as eleições porque sabe que desta vez poderá não conseguir encher as urnas nem intimidar as pessoas”, disse, citado pelo Jornal Digital.

O pretexto a que Dhlakama se referia seria uma possível retaliação da Renamo à detenção do seu porta-voz António Muchanga, na segunda-feira, quando se preparava para participar num Conselho de Estado nas instalações da presidência. “O que aconteceu é uma violação da Constituição e um abuso de poder”, considerou, garantindo que o partido não vai reagir mas antes “esperar todos os procedimentos legais para a libertação” de Muchanga.

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