Presidente da Ucrânia conversa ao telefone com Putin, com a ajuda de Merkel e Hollande

O objectivo é tentar manter o cessar-fogo, que se esgota ao final do dia de segunda-feira.

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Manifestação en Kiev, pedindo o fim do cessar-fogo SERGEI SUPINSKY/AFP

Com o prazo do cessar-fogo no Leste do país decretado pelo Presidente ucraniano a acabar-se, Petro Poroshenko multiplica as conferências telefónicas com Vladimir Putin, em que participam também a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, François Hollande. Domingo à tarde a conversa foi de duas horas, mas nada transpirou sobre o que se passou; apenas se sabe que ficou marcado novo contacto telefónico para segunda-feira.

É as 21h00 de Lisboa (23h00 locais) de segunda-feira que expira o frágil cessar-fogo decretado por Poroshenko e que tem sofrido violações. Cinco militares ucranianos foram mortos e pelo menos 12 ficaram feridos neste domingo em combates com separatistas pró-russos em combates em Slaviansk e Lugansk, segundo adiantou o serviço de imprensa da “operação anti-terrorista” lançada no Leste do país pelas autoridades de Kiev.

Até segunda-feira ao fim do dia, os revoltosos devem chegar a acordo para que seja possível fazer verificações do cessar-fogo, devolver os postos de controlo ao exército ucraniano e libertar reféns – estes foram os termos exigidos pela União Europeia.

Este domingo, os rebeldes pró-russos do Leste da Ucrânia libertaram quatro observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE) que mantinham detidos desde o final de Maio.

A libertação, anunciada na noite de sábado pela OSCE, segue-se à de outro grupo de observadores detidos igualmente no final de Maio e libertados na noite de quinta para sexta-feira. “Libertámos os quatro últimos observadores que estavam retidos no território da República Popular de Lugansk”, disse o líder separatista Alexandre Borodai.

Na capital, por outro lado, houve uma manifestação na praça Maidan – exigindo ao Presidente que ponha termo ao cessar-fogo – enquadrada por homens mascarados identificados com braçadeiras que diziam “Sector Direito”, o grupo de direita radical que faz parte da aliança que tomou o poder.

O cessar-fogo faz, no entanto, parte do plano de paz do Presidente Poroshenko que prevê, entre outros aspectos, a “criação de uma zona tampão de dez quilómetros entre a Ucrânia e a Rússia”, uma “amnistia para todos os que entregarem as armas e não tiverem cometido crimes graves” e o fim “da ocupação ilegal” dos edifícios administrativos nas duas províncias. O governo de Kiev promete também a descentralização de poder, a organização de eleições locais e um programa especial para a criação de emprego na região.

Na semana passada, a União Europeia e os Estados Unidos admitiram a adopção de “medidas drásticas” contra a Rússia, caso não haja progressos rápidos. Na sexta-feira, Kiev assinou o acordo de associação comercial com a UE que o Presidente deposto Viktor Ianukovich se tinha recusado a assinar, sob pressão russa – um processo que desencadeou a mudança de regime.


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