Mil pessoas no protesto anti-Thatcher em Londres

Houve protestos em várias cidades do Reino Unido contra as políticas da antiga primeira-ministra e o seu legado.

Faltam algumas horas para o proetsto mas alguns manifestantes já chegaram a Trafalgar Square
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"A bruxa morreu", dizem as t-shirts ANDY BUCHANAN/AFP
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A polícia foi a primeira a chegar a Trafalgar Square, a praça londrina onde às seis da tarde começou um protesto anti-Margaret Thatcher, a antiga primeira-ministra britânica que morreu e cujo funeral será na quarta-feira.

No relato em directo da praça que a edição online do Guardian fez lê-se que 50 polícias cercaram Trafalgar quando faltavam mais de três horas para o início da manifestação. À hora marcada, tinham chegado à praça entre 50 e 70 manifestantes. Meia hora depois, o cenário estava mais composto e perto das 19h eram mil os manifestantes que enfrentaram um fim de tarde de chuva.
 
Mas ao longo da tarde foram-se realizando acções noutras zonas de Londres e noutras cidades. A marcha "Quem quer fugir e ficar rico" parou à porta da casa de dois milhões de libras do secretário do Trabalho e das Pensões, Ian Duncan Smith. Em Tottenham (norte de Londres), desfilaram cidadãos unidos sob o lema "Contribuintes contra a pobreza". Em Glasgow (Escócia), a polícia tentou que os manifestantes não queimassem um boneco representando Thatcher.
 
Os organizadores esperavam que todas as pequenas marchas que se realizaram em Londres se juntassem em Trafalgar e que a manifestação tivesse entre 1500 e 2000 pessoas. Os que responderam ao apelo gritaram frases como "Maggie, Maggie, morta, morta". Um boneco caricaturando Margaret Thatcher como que presidia a tudo, relatam as agências noticiosas.

O ponto alto do protesto que foi também uma festa – bebeu-se cerveja e champanhe em Trafalgar Square – pela morte de Thatcher foi a chegada dos mineiros de Durham (nordeste de Inglaterra), protagonistas de uma das principais guerras entre sindicatos e o Governo da Dama de Ferro.

O presidente da câmara de Londres pedira moderação e no fundo teve-a. "Vivemos numa democracia em que as pessoas têm o direito de se manifestar, de fazerem o que querem. O que não podem fazer, creio, é utilizar a morte de uma pessoa de idade para começar um motim ou uma coisa parecida. Vamos preparar-nos para isso", disse Boris Johnson. A polícia não arredou pé da praça até ter a certeza de que o protesto/festa estava terminado: havia ainda a possibilidade de parte dos 50 mil adeptos que assistiram em Wembley (noroeste de Londres) à meia-final da Taça de Inglaterra em futebol, entre o Wigan e o Millway, se deslocassem para o locar depois do fim da partida, às 19h.

Trafalgar foi o lugar escolhido por ter sido ali que ocorreram, em 1990, os violentos confrontos entre cidadãos e a polícia devido à aprovação de uma série de aumentos de impostos, em especial um imposto sobre a habitação que acelerou a queda de Thatcher (conservadora) depois de 11 anos no poder.

"Esperei 30 anos para festejar isto. É o melhor dia da minha vida”, disse Simon Gardner, um fotógrafo inglês, que envergava uma T-shirt a dizer "Rejoice, Rejoice, Thatcher is dead” (“Alegrai-vos, alegrai-vos, Thatcher está morta”).

Segundo a Reuters, havia muitos polícias em Trafalgar Square e houve pequenos incidentes, com nove detenções, por embriaguez e comportamento desordeiro.

Este é apenas mais um episódio das profundas divisões suscitadas pela personalidade e legado de Thatcher, que liderou o Governo britânico entre 1979 e 1990.

Neste domingo, a BBC Rádio 1 deverá mesmo transmitir a canção “Ding Dong! The Witch Is Dead” (Ding Dong! A Bruxa Morreu), a canção interpretada por Judy Garland no filme O Feiticeiro de Oz, de 1939, que subiu aos tops nesta semana.

estação pública hesitou entre cumprir a tradição de emitir as canções mais vendidas da semana e evitar a transmissão de uma canção que foi usada como festejo pela morte de Thatcher.

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