Polémica com cartazes racistas não abala UKIP

Partido continua a subir nas intenções de voto para as europeias.

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Um dedo que interpela quem passa e a sugestão da miséria que resulta das decisões urdidas pelos burocratas europeus. Os cartazes do UKIP postos na rua na semana passada não demoraram a tornar-se num dos casos do que promete ser uma das campanhas europeias mais acesas de que há registo. Conservadores, trabalhistas, activistas e internautas denunciaram o racismo latente da mensagem - já não contra os imigrantes negros ou asiáticos, mas contra as centenas de milhares de imigrantes vindos dos países mais pobres da UE.

“26 milhões de pessoas na UE estão desempregadas. E atrás de que emprego andam eles?”, pergunta um dos cartazes, com um dedo em riste. Uma imagem que recorda a velha propaganda nacionalista de quem Farage, como quase todos os seus congéneres europeus, tenta afastar-se.

Mais comedido, o outro cartaz mostra um operário, de botas e capacete, a pedir esmola na rua: “A política da UE em acção - os trabalhadores britânicos são os mais afectados pela ilimitada mão de obra”. A mensagem, recordou o jornal Independent, é quase igual à de um antigo cartaz do Partido Nacional Britânico (BNP, extrema-direita) em que se exigia “Empregos britânicos para os britânicos”.

“O UKIP defende tudo aquilo que é pior no ser humano: o preconceito, o egoísmo e o medo”, disse ao jornal John Gummer, ex-ministro conservador e membro da cada vez mais reduzida ala pró-europeia dos tories. Para Nick Clegg, vice-primeiro-ministro e líder dos liberais-democratas, os cartazes “são o tipo de campanha desqualificada que seria de esperar do UKIP”. Mas outros decidiram levar mais a sério a ofensa e, segunda-feira, o Guardian noticiou que dirigentes dos três principais partidos estavam a ultimar uma campanha para denunciar o UKIP como um partido racista. “Não é menos ofensivo dizer que as famílias britânicas deviam recear que romenos se mudem para a casa do lado do que falar em nigerianos ou indianos”, disse ao jornal a ex-ministra trabalhista Barbara Roche.

Nigel Farage respondeu que os cartazes “refletem a vida difícil de milhões de britânicos que tentam ganhar a vida fora da bolha de Westminster” e assegurou que não estava “nem ligeiramente” preocupado com a polémica. As sondagens parecem dar-lhe razão: depois de no início da semana um inquérito ter colocado o UKIP em primeiro lugar nas intenções de voto nas europeias, um estudo divulgado quinta-feira, já depois de um punhado de novas afirmações xenófobas de alguns dos seus candidatos, atribuiu ao partido 38% dos votos, a 11 pontos do Labour e a 20 dos tories. A mesma sondagem revela que um terço dos eleitores acham que o UKIP é um partido racista, mas 33% considera-o mais honesto do que as outras formações. 

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