Pastor norte-americano queima Corão e imagem de Maomé em protesto contra o Irão

Foto
Terry Jones já tinha promovido acção idêntica em Março de 2011, com consequências mortais no Afeganistão Paul J. Richards/AFP

“Deus salve a América!” Terry Jones voltou a queimar, na Florida, um exemplar do Corão e foi esta a reacção da plateia com cerca de 20 pessoas, seguida de um geral “ámen”. Isto apesar de a acção de protesto pôr em causa a segurança dos próprios soldados norte-americanos no Afeganistão. O pedido do Pentágono ao controverso pastor, para reconsiderar, foi ignorado.

O Pentágono teme que, como represália, soldados norte-americanos sejam alvo de manifestações ou de acções violentas, como já aconteceu no passado após acções idênticas. Em Março do ano passado, o mesmo pastor supervisionou a queimada de um exemplar do Corão, o que resultou, no Afeganistão, em pelo menos 12 mortos e mais de 90 feridos.

Desta vez, e apesar dos pedidos do Pentágono, o próprio Terry Jones se encarregou de queimar o exemplar do Corão e uma imagem caricaturada do profeta Maomé, após mais de meia hora de discursos em que se foi revezando no palanque com outros elementos da sua igreja, em Gainesville, na Florida. O evento foi todo registado em vídeo e publicado online.

O ponto de partida para o protesto, que aconteceu no sábado, foi a prisão do clérigo iraniano Youcef Nadarkhani, detido desde Outubro de 2009 e posteriormente condenado à morte por se ter convertido ao cristianismo quando tinha 19 anos. Nadarkhani, agora com 34 anos, é pastor de uma pequena comunidade evangélica de nome Igreja do Irão.

Após protestos da diplomacia europeia e norte-americana, o Supremo Tribunal de Justiça iraniano revogou, em Julho de 2011, a pena capital aplicada ao pastor e devolveu o caso ao tribunal de Rasht, cidade de Nadarkhani, na província de Gilan, que voltou a decidir sobre o caso em Setembro. No entanto, a nova sentença não foi tornada pública.

A ambição de Terry Jones ultrapassa, em muito, o caso particular de Youcef Nadarkhani. O pastor norte-americano apelou a uma “revolução pacífica” nos Estados Unidos e no mundo. “Não devemos continuar a permitir que sejamos silenciados e que a nossa liberdade de expressão e os nossos direitos nos sejam retirados. É tempo de nos insurgirmos. E hoje fá-lo-emos”, disse Terry Jones, antes de avançar para o exemplar do Corão e atear-lhe fogo.

E o pastor sublinhou que o fazia “como um acto de protesto, como um acto de revolta”. Para afirmar: “Não nos podem pressionar mais. Não seremos mais silenciados. Não ficaremos mais indiferentes e não estaremos mais apaziguados.” E continuou: “Hoje, vamos queimar o livro profano, ímpio e pervertido do islão, e o profano, maléfico, dito profeta, Maomé.”

As consequências directas para Terry Jones foram mínimas. Com a polícia a assistir à encenação do pastor e dos seus seguidores ultraconservadores, o norte-americano foi apenas admoestado com uma multa de 271 dólares (205 euros), porque em Gainesville é proibido queimar livros sem autorização. Diz a lei local que “por preocupações ambientais”.

Sugerir correcção
Comentar