Mais de 1000 mortos na derrocada no Bangladesh

Autoridades prometem encerrar edifícios sem condições para laborar.

Muitos familiares continuam no local à espera de identificar os desaparecidos nos escombros
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Muitos familiares continuam no local à espera de identificar os desaparecidos nos escombros Andrew Biraj/Reuters
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O número de mortos na derrocada do Rana Plaza, Daca, no Bangladesh, onde funcionavam cinco fábricas de vestuário ultrapassa os 1000, de acordo com o último balanço.

As equipas de resgate continuam no local a remover os escombros do edifício de nove andares que ruiu a 24 de Abril. E continuam a encontrar corpos, actualizando o balanço para 1021 mortos, adianta a BBC na edição online.

Na quarta-feira, duas semanas exactas depois da derrocada, as autoridades anunciaram o encerramento, numa primeira fase, de 18 fábricas têxteis por razões de segurança. A decisão surge depois de muitos protestos e manifestações feitos por trabalhadores no Bangladesh, mas também após os alertas internacionais para a necessidade de se pôr um ponto final nas condições de trabalho desumanas e precárias praticadas nesta indústria no país.

Também nesta semana, na mesma zona, ocorreu um incêndio numa outra fábrica que matou oito pessoas. O edifício tinha 11 andares e as vítimas, que não conseguiram sair a tempo, morreram sufocadas pelo fumo nas zonas mais elevadas.

O Governo do Bangladesh decidiu, ainda, criar uma nova comissão para coordenar inspecções a perto de 4500 fábricas têxteis com o objectivo de detectar eventuais falhas de construção nas estruturas.

No caso do Rana Plaza, na véspera de o edifício ter caído tinham sido encontradas falhas graves nas estruturas. Alguns técnicos aconselharam a evacuação do local, mas o proprietário do edifício e os responsáveis pelas fábricas ignoraram os alertas. Muitos deles já foram detidos e os governantes prometeram que serão devidamente julgados.

De acordo com as autoridades, cerca de 2500 pessoas terão ficado feridas no incidente e 2437 terão sido resgatadas durante a primeira semana de operações de salvamento – período após o qual se considerou que não seria possível encontrar mais sobreviventes. O problema é que na realidade ninguém sabe quantas pessoas estavam nas fábricas no momento da derrocada, pelo que não é de excluir que até à total remoção dos escombros o número de mortos continue a subir. .

Os corpos que estão a ser resgatados estão em avançado estado de decomposição, mas a BBC, citando o capitão da armada Shahnewaz Zakaria, explica que é possível identificar as vítimas pelas carteiras, telemóveis ou outros documentos que tinham nos bolsos. A maioria são mulheres.

Este acidente voltou a chamar a atenção para as más condições laborais e de segurança dos trabalhadores de empresas têxteis no Bangladesh, que abastecem multinacionais ocidentais. As companhias internacionais que confirmaram a produção em alguma das empresas afectadas foram a irlandesa “Primark”, a espanhola “El Corte Inglés” e Mango, a canadiana “Joe Fresh” e a francesa “Bon Marché”.

O Bangladesh é o país do mundo com os custos de produção mais baixos na indústria têxtil, o que leva empresas de todo o mundo, incluindo a China, a mudar parte da produção para aquele país, de acordo com a organização não-governamental de defesa dos direitos dos trabalhadores têxtis Clean Clothes Campaign (Campanha Roupas Limpas).

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