Morte de estudante grego desperta debate na Grécia

Não se sabe exactamente como morreu Thanassis Kanaoutis, 19 anos. Apenas que foi depois de não ter pago 1,20 euros de bilhete de autocarro.

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Numa parede próxima do local do acidente pede-se "vingança" pela morte do jovem Angelos Tzortzinis/AFP

Um estudante de 19 anos que morreu depois de uma discussão com um inspector dos transportes públicos está a tornar-se um símbolo na Grécia.

Thanassis Kanaoutis morreu com uma lesão fatal na cabeça depois de se ter atirado, ou de ter caído, ou de ter sido empurrado, para fora do autocarro, quando este circulava num bairro de classe média de Atenas, na terça-feira passada. Certo é que na altura, o estudante discutia com o inspector dos bilhetes, por não ter pago os 1,20 euros que custava a passagem. A empresa diz que o próprio Kanaoutis accionou o travão de emergência para sair, a família diz que ele poderá ter sido empurrado. <_o3a_p>

O caso tocou um ponto sensível na Grécia, onde o Governo está a recorrer a métodos cada vez mais duros para recolher receitas e sob pressão internacional para pôr em ordem as suas finanças.<_o3a_p>

Cerca de 300 pessoas assistiram ao funeral e, depois da cerimónia, dezenas de jovens atiraram pedras contra polícia anti-motim perto do local onde Kanaoutis morreu. Um autocarro foi atacado, as janelas estilhaçadas e alguém escreveu “assassinos” no pára-brisas.<_o3a_p>

“Este é o último miúdo que morre – a partir de agora vai ser o sangue deles a correr”, gritou um jovem depois do funeral.<_o3a_p>

A morte de um jovem de 15 anos pela polícia em 2008 despertou motins violentos que duraram semanas na Grécia.<_o3a_p>

O principal partido da oposição foi rápido a apontar o dedo ao Governo: “Kanaoutis morreu porque não tinha um bilhete de 1,20 euros”, disse o Syriza em comunicado. “Isto sublinha do modo mais trágico as situações desesperadas em que as políticas de resgate lançaram grandes partes da sociedade grega.”<_o3a_p>

O partido aproveitou para pedir transportes públicos gratuitos para os desempregados, reformados com pensões baixas e estudantes. <_o3a_p>

As empresas de transportes públicos intensificaram controlos este ano como parte de medidas para diminuir os seus défices. O vice-ministro dos Transportes, Michalis Papadopoulos, disse que estava a rever o modo como os controlos são levados a cabo. Tem havido relatos de que os inspectores têm um incentivo – uma comissão de cerca de metade da multa de 72 euros fica para eles.<_o3a_p>

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