Polícia de choque começa a expulsar manifestantes de Gezi

Os protestos já não têm apenas a ver com a construção de um centro comercial. "Vamos continuar a resistir à injustiça no nosso país".

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A polícia começou a dispersar as pessoas que estão no Parque Gezi OZAN KOSE/AFP
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Osman Orsal/Reuters

O governo turco mandou neste sábado avançar a polícia de choque e os blindados com canhões de água para o Parque Gezi de Istambul, tentando acabar com o protesto contra o Governo que dura há duas semanas.

A intervenção foi anunciada pelo primeiro-ministro, Recep Erdogan, num comício do seu partido, o AKP:“Se [o parque] não foi esvaziado, as forças de segurança saberão como fazê-lo”. Os enviados da BBC relatavam que as forças de intervenção avançaram contra os manifestantes no Parque Gezi e na Praça Taksim, onde o mesmo método policial pôs fim a um protesto de dezenas de milhares de pessoas na semana passada.

Horas antes, os manifestantes concentrados há duas semanas no parque Gezi tinham prometido não acabar com o protesto apesar da promessa do primeiro-ministro, Recep Erdogan, de não construir o mega centro comercial no local. 
 

"Vamos continuar a resistir contra a injustiça no nosso país", anunciou neste sábado o Solidariedade com Taksim, um dos grupos de cidadãos que, durante a noite, debatarem a proposta do primeiro-ministro, acabando por rejeitá-la. "Isto é só o princípio".

A concentração no Parque Gezi aumenta de noite para noite, relatou ao telefone o enviado do PÚBLICO a Istambul. "Se Erdogan acreditava conseguir desmobilizar o protesto pelo cansaço, enganou-se. Há cada vez mais gente." 
 

"Jovens, já estão aí há muito tempo, já passaram a vossa mensagem. Porque é que ainda ai estão?", perguntou o primeiro-ministro ao propor a suspensão da construção no Parque Gezi.

Erdogan prometeu não avançar com o projecto de construção no parque até um tribunal se pronunciar sobre a legalidade da decisão. Foi esta construção que motivou o início dos protestos anti-governo, há duas semanas. As manifestações ganharam um teor político mais global – a repressão, ordenada pelo primeiro-ministro quando dezenas de milhares de pessoas se concentraram na Praça Taksim, em Istambul, só fez crescer o descontentamento contra os políticos no poder (Erdogan é primeiro-ministro há dez anos). 
 

Em Ancara, a capital turca, a noite foi de confrontos, com a polícia a disparar granadas de gás lacrimogéneo contra manifestantes que, como em Istambul, protestam contra o Governo. Trinta pessoas – todas manifestantes – foram presas. 
 

 
 
 
 

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