Manifestações pela libertação de activistas da Greenpeace na Rússia

Holanda inicia caso contra a Rússia pela detenção de 30 tripulantes do Arctic Sunrise

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O músico Damon Albarn e o actor Jude Law participaram na manifestação em Londres Olivia Harris/REUTERS

A Rússia prendeu 28 activistas da Greenpeace e neste sábado realizaram-se manifestações de protesto em vários países do mundo — na Nova Zelândia, Alemanha (48 cidades), Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo. Mas apenas um decidiu agir oficialmente, a Holanda, que abriu um procedimento de arbitragem contra a Rússia.

Os 28 activistas da organização de defesa do ambiente e dois jornalistas que estavam a bordo do navio Arctic Sunrise foram detidos a 19 de Setembro, depois de terem tentado escalar uma plataforma da empresa petrolífera Gazprom.

Pretendiam chamar a atenção para os danos ambientais da actividade da empresa no Ártico. Foram levados pela guarda costeira russa para Murmansk, onde um tribunal decretou a detenção por dois meses. Foram depois formalmente acusados de pirataria organizada, um crime que prevê uma condenação que pode ir até 15 anos de prisão.

O navio, que foi apreendido, tem bandeira holandesa, pelo que este país iniciou na sexta-feira um processo de arbitragem com base na Convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar, anunciou o ministro holandês dos Negócios Estrangeiros, Frans Timmermans. O Governo holandês está a tratar as detenções como “ilegais” e pediu a libertação do navio e dos seus tripulantes, que têm várias nacionalidades.

“Quero falar com os meus colegas russos... para libertarmos estas pessoas o quanto antes”, disse Timmermans. “Não percebo como uma coisa destas pode ter alguma coisa a ver com pirataria, não estou a perceber qual pode ser a base legal para esse tipo de acusação”.

Moscovo, por seu lado, acusou a Holanda de não ter respondido aos seus pedidos: “A Rússia pediu várias vezes à parte holandesa que proibisse as acções do navio, infelizmente não foi o caso”, disse o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Alexei Meshkov.

O comandante do Artic Sunrise é o americano Peter Willcox, que comandava o Rainbow Warrior, o navio afundado pelos serviços secretos franceses em 1985 no porto de Auckland (Nova Zelândia), numa operação em que morreu o fotógrafo holandês de origem portuguesa Fernando Pereira (Paris queria impedir que os activistas da Greenpeace interferissem com um teste nuclear). Os tripulantes são de outros 17 países, entre elas a Rússia, a Argentina, a França, a Holanda e o Reino Unido (17 cidades).

Foi neste último, na cidade de Londres, que a manifestação de ontem foi mais mediática devido à presença de alguns famosos: o actor Jude Law, a criadora de moda Vivienne Westwood e os músicos Damon Albarn (Blur) e Paul Simonon (The Clash). Law e Albarn são amigos de um dos detidos, Frank Hewetson, e consideraram as prisão e a acusação de pirataria de “absurdas” e ridículas”.

“Estamos inquietos porque se trata da Rússia , que não tem por hábito ceder à pressão internacional”, disse Damon Albarn. Os russos, acrescentou, “têm de compreender que [os militantes da Greenpeace] não são uma ameaça. Não são políticos. Nove em cada 10 vezes, as pessoas que protestam pacificamente tentam escalar uma plataforma petrolífera. Fazem-no porque acreditam que estão a fazer uma coisa benéfica, uma coisa que vai beneficiar toda a sociedade”.

O tribunal regional de Murmansk vai pronunciar-se na terça-feira sobre os recursos contra a prisão dos militantes. Mas a Comissão de Investigação russa já fez saber, na semana passada, a sua posição: os objectivos pacíficos dos activistas não podem justificar “um ataque” que constituiu uma ameaça à plataforma e ao pessoal que lá trabalha.

<b>Notícia corrigida às 18h30: o fotógrafo Fernando Pereira não era brasileiro mas holandês de origem portuguesa</b>

  
 
 
 

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