Justiça egípcia iliba aliado de Mubarak

Para a Irmandade Muçulmana, a mão continua a ser de ferro, para os membros do antigo regime nem por isso.

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O rosto de Mubarak mistura-se com o do marechal Tantawi, do político Amr Moussa e de Shafiq Mahmud Hams/AFP

A justiça do Egipto continua a prender e a acusar membros da Irmandade Muçulmana e activistas pró-democracia que fizeram a revolta ao mesmo tempo que parece ter dificuldades em condenar gente ligada à ditadura. Ahmed Shafiq, o último primeiro-ministro de Hosni Mubarak, e os dois filhos do ditador foram nesta quinta-feira ilibados num caso de corrupção.

Gamal e Alaa Mubarak já enfrentaram uma série de acusações noutros processos desde que o pai foi afastado do poder, em Fevereiro de 2011. Shafiq fugiu da justiça, está nos Emirados Árabes Unidos e foi julgado à revelia.

Nas primeiras eleições presidenciais livres da história do país, em 2012, Shafiq passou à segunda volta com o apoio dos militares que deixaram cair Mubarak mas quiseram manter-se ao leme no Cairo. O vencedor foi Mohamed Morsi, com 51% dos votos, incluindo muitos de jovens anti-islamistas que só votaram no candidato da Irmandade Muçulmana para evitar um regresso ao passado.

Em Junho, um ano depois dessas presidenciais, milhões de egípcios saíram à rua a pedir a demissão do Presidente – os militares derrubaram-no e nomearam depois um governo transitório.

Agora, é Morsi que está na prisão, acusado de incitamento à morte de manifestantes quando era Presidente. Na terça-feira, ficou a saber que é também acusado de espionagem a favor de organizações estrangeiras para cometer atentados no país.

No mesmo dia, a justiça ordenou que o guia supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, permaneça mais 15 dias detido, enquanto aguarda os resultados da investigação sobre a destruição de uma esquadra, incendiada a 14 de Agosto no Cairo, durante uma concentração pró-Morsi que se seguiu ao golpe militar.

Tanto Morsi como Badie negam todas as acusações.

Na prisão estão entretanto também vários activistas que foram fundamentais na mobilização da revolta contra Mubarak, acusados de organizarem manifestações ilegais já nas últimas semanas.

Shafiq foi chamado a liderar o último governo do ditador, nomeado já sob a pressão das centenas de milhares de pessoas que enchiam a praça Tahrir do Cairo. Era acusado de ter cedido terrenos a um preço inferior ao que estes valiam aos filhos de Mubarak quando era ministro da Aviação, em 1995. Foi absolvido no processo sobre um dos terrenos desse negócio, falta um segundo processo que diz respeito a outro terreno.

Alaa e Gamal, tal como o pai, estão detidos à espera do desenrolar de outros processos judiciais.

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