Japão regressa ao nuclear entre protestos

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Protestos em Tóquio contra a retomada do nuclear Yuriko Nakao/Reuters

Um dos quatro reactores da central nuclear de Ohi, no oeste do Japão, foi ontem reiniciado, pondo fim, ainda que precariamente, a um período de três meses em que o país viveu sem uma das suas principais fontes de electricidade.

Todos os 50 reactores nucleares japoneses estavam inoperacionais, na sequência do acidente na central atómica de Fukushima, em função do sismo e tsunami de 11 de Março de 2011. A maior parte foi encerrada para operações de manutenção ou testes de segurança. Para voltarem a entrar em funcionamento, têm porém esbarrado na resistência das populações e autoridades locais, que se voltaram contra o nuclear depois da catástrofe de Fukushima.

Na sexta-feira passada, milhares de pessoas saíram às ruas em Tóquio para protestar contra a retomada da energia nuclear. Em Ohi, centenas também protestaram, bloqueando ruas. Sondagens recentes indicam que o desejo de que o país abandone a energia atómica chega aos 70% da população.

Apesar dos protestos, o reactor 3 da central de Ohi, na região oeste do país, foi recolocado em funcionamento cerca das 21h de domingo (13h em Lisboa) e deverá começar a produzir electricidade na próxima quarta-feira.

A empresa Kansai Electric Power, que opera a central de Ohi, recebeu luz verde para reiniciar dois reactores (3 e 4) no dia 16 de Junho. A empresa tem mais nove reactores nucleares parados.

Antes do acidente de Fukushima – o maior desde o de Tchernobil, em 1986 – a energia nuclear era responsável por cerca de 30% da electricidade consumida no país. Nos planos governamentais, esta proporção deveria subir para 40% em 2017. Mas o desastre nuclear alterou o cenário e, em 2011, as centrais só produziram 18% da electricidade consumida. Desde Maio, com todos os 50 reactores parados, que o país vivia sem energia atómica.

Título corrigido às 17h37: "entre protestos" em vez de "em meio a protestos"
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