Ianukovich afirma que “ninguém tem o direito de apoiar um golpe de Estado”

Na sua segunda intervenção desde que foi deposto, Ianukovich voltou a apresentar-se como o Presidente legítimo da Ucrânia.

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Ianukovich dirigiu-se aos jornalistas na cidade russa de Rostov-on-Don. Maxim Shemetov/Reuters

Foi para reafirmar a sua perspectiva em relação aos acontecimentos na Ucrânia que o Presidente deposto, Viktor Ianukovich, voltou a público esta terça-feira, a partir da cidade russa de Rostov-on-Don. Não se pronunciou sobre a intervenção russa na Crimeia, mas insistiu que é ainda o Presidente legítimo e prometeu que em breve regressaria a Kiev.

Tal como já tinha referido na sua anterior conferência de imprensa, a 28 de Fevereiro, Ianukovich voltou a afirmar que continua a ser o “Presidente legítimo da Ucrânia, bem como o chefe das Forças Armadas”, e defendeu que o Exército não vai seguir "ordens criminosas".

Ianukovich voltou a descrever os novos governantes do país como um “gangue” composto por “ultranacionalistas e neofascistas” e dirigiu-se à “comunidade internacional” para afirmar que “ninguém tem o direito a apoiar um golpe de Estado”. "Quero perguntar aos patronos destas forças negras no Ocidente: ficaram cegos? Esqueceram-se do que é o fascismo?", questionou.

“Os EUA estão a planear dar mil milhões de dólares a este governo, mas eu recordo que [a lei norte-americana] proíbe financiar um governo que derrubou um Presidente legítimo”, sublinhou Ianukovich. Ainda garantiu que vai pedir pareceres ao Congresso e ao Supremo Tribunal dos EUA sobre a legalidade da ajuda financeira.

Mas o mais significativo do pequeno comunicado lido por Ianukovich, ao longo de sete minutos e sem direito a perguntas, foi aquilo que não abordou. Sobre a Crimeia apenas disse que os actos do novo governo ucraniano “tiveram como consequência que a Crimeia se vá separar”.

No entanto, Ianukovich nada referiu sobre o pedido de intervenção das forças armadas russas, que Moscovo garante ter sido requerida por si. O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitali Churkin, apresentou na semana passada no Conselho de Segurança das Nações Unidas uma carta assinada por Ianukovich em que era pedido o envio de tropas russas para proteger a península no Mar Negro.

Ianukovich também não fez referência às recentes declarações do Presidente russo, Vladimir Putin, que afirmou não ver futuro político para o ex-governante. “Assim que as circunstâncias o permitam, e estou convencido que não vai faltar muito, irei voltar a Kiev”, garantiu o Presidente deposto.

Desde 23 de Fevereiro que Ianukovich está fora da Ucrânia e, desde então,  o poder foi ocupado pelas forças da oposição, que emitiram um mandado de captura internacional em nome de Ianukovich, acusando-o de homicídio em massa. O ex-Presidente afirma que saiu do país por causa de ameaças feitas contra si e contra a sua família.

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