Fidel Castro não esperava ter chegado aos 87 anos

Antigo líder cubano deixou o cargo definitivamente em 2008, devido a uma doença grave nos intestinos.

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Castro comemorou 87 anos na terça-feira AFP

O ex-Presidente cubano, Fidel Castro, reconheceu que não esperava viver até aos 87 anos, que completou na terça-feira, depois da doença que o obrigou a renunciar ao cargo em 2008.

Num artigo publicado nesta quarta-feira no jornal oficial do Partido Comunista cubano, Granma, e citado pela BBC, Castro admitiu que, quando lhe foi diagnosticada uma grave doença nos intestinos, estava “longe de imaginar” que ainda iria conseguir sobreviver mais sete anos.

“Assim que percebi que seria definitivo não hesitei em cessar as minhas funções como Presidente…e propus que a pessoa designada para exercer essa tarefa a assumisse imediatamente”, afirmou, referindo-se ao seu sucessor, o irmão mais novo, Raúl Castro.

Fidel Castro afastou-se do cargo provisoriamente em 2006 e retirou-se definitivamente em 2008. Desde então, têm sido raras as suas aparições em público, embora ocasionalmente sejam divulgadas fotografias do antigo líder comunista e imagens em vídeo, através dos meios de comunicação oficiais.

Neste artigo, Castro também revelou que Cuba recebeu armas da Coreia do Norte no início da década de 1980, depois de o líder soviético Iuri Andropov ter ameaçado que não estaria mais disponível para defender a ilha comunista.

Esta revelação é feita numa altura em que as Nações Unidas estão a investigar um incidente no Canal do Panamá envolvendo um cargueiro norte-coreano, o Chong Chon Gang, que transportava armamento soviético antigo não declarado, proveniente de Cuba.

"Andropov disse-nos que se fossemos atacados pelos Estados Unidos teríamos de lutar sozinhos", afirmou Fidel Castro. A União Soviética veio mais tarde a renovar o compromisso de continuar a fornecer armas, mas Cuba aceitou ainda assim a "oferta" da Coreia do Norte.

"O camarada Kim Il-sung [que morreu em 1994], um veterano e um soldado exemplar, mandou-nos 100.000 armas e munições sem cobrar um cêntimo", escreveu Fidel Castro.

Castro também falou da morte, em Março, do seu amigo e aliado Hugo Chávez, o antigo Presidente venezuelano. Teceu ainda considerações sobre as maravilhas da ciência. “As ciências devem ensinar-nos acima de tudo a sermos humildes, dada a nossa auto-suficiência congénita”, afirmou, acrescentando: “Assim estaremos melhor preparados para confrontar e até desfrutar do raro privilégio de existir.”

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