FBI recolhe amostras do ADN da viúva do suspeito dos atentados de Boston

Investigadores encontraram vestígios de ADN feminino numa das bombas utilizadas nos atentados da maratona e procuram agora uma explicação.

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Em Boston têm sido feitas várias homenagens às vítimas do atentado feito durante a maratona da cidade Brian Snyder/Reuters

Um grupo de agentes especiais do FBI esteve na segunda-feira durante cerca de 90 minutos na casa dos pais de Katherine Russell, viúva de um dos irmãos suspeitos dos atentados de Boston. Foram recolhidas amostras de ADN da mulher que está ali a viver desde os ataques, para serem comparadas com outros vestígios de ADN feminino encontrados numa das bombas do atentado.

Os agentes do FBI, que visitaram a casa em Rhode Island, explicaram ao Washington Post que a diligência faz parte do processo de investigação e que apenas se dirigiram à casa por ser ali que está a viver a viúva de Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos, o irmão mais velho dos dois suspeitos do atentado. Tamerlan Tsarnaev morreu quatro dias depois do ataque durante uma perseguição policial. 

Fontes judiciais citadas pelo mesmo diário norte-americano explicaram que os investigadores encontraram ADN feminino numa das bombas dos atentados e que querem agora esclarecer se poderá pertencer a Katherine Russell.

Ao Washington Post o agente do FBI Jason Pack escusou-se a adiantar detalhes particulares da investigação. Mas na última semana tinha sido dito que a viúva não estaria envolvida nos ataques que mataram três pessoas e fizeram mais de 250 feridos. Aliás, os investigadores fizeram questão de realçar que Katherine Russell, de 24 anos e casada desde 2010 com o suspeito, com quem teve um filho, tem até colaborado com a justiça, apesar do choque que sofreu.

Muitas hipóteses em aberto
Também é possível que os vestígios pertençam a quem vendeu os materiais necessários para a construção do artefacto, a outra pessoa que tenha colaborado na elaboração dos dispositivos ou mesmo a algum dos presentes na maratona.

As autoridades neste momento não descartam nenhuma hipótese e, escreve o The New York Times, estão a passar a pente fino os últimos dias da viúva antes do atentado e os dias seguintes para perceber que tipo de participação poderá ter tido tanto a preparar o ataque como a ocultar provas.

Também fontes judiciais corroboraram a este jornal que o ADN feminino encontrado nas bombas fez com que o FBI se concentrasse mais na viúva e na hipótese dos dois irmãos de origem tchetchena terem tido ajuda – o que até agora tinha sido descartado dado o tipo de material artesanal que foi utilizado e que fez com que desde início se afastasse a hipótese de uma organização terrorista.

Uma das fontes garantiu que há também uma impressão digital num dos fragmentos, pelo que estão a ser recolhidos dados de várias pessoas que os investigadores julgam poder ser fulcrais no processo. Um dos interrogados foi Mikhail Allakhverdov, conhecido como “Misha”, para se tentar perceber que papel terá tido este amigo na radicalização de Tamerlan Tsarnaev. A sua existência foi revelada por familiares do jovem, mas o FBI não fez qualquer comentário.

Quanto ao irmão mais novo, Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos e já com nacionalidade norte-americana, que ficou gravemente ferido, estabilizou e foi entretanto transferido para uma prisão. No primeiro interrogatório, ainda na cama do hospital, terá confessado a autoria dos atentados e justificado a motivação: as guerras que os Estados Unidos levaram a cabo no Iraque e Afeganistão. Logo depois do interrogatório foi acusado pelo uso de armas de destruição em massa – o que abre a porta à pena capital, pois apesar de no estado de Massachusetts a pena de morte ter sido abolida há vários anos este tipo de crime é uma das excepções, assim como actos terroristas. Para sua advogada foi nomeada Judy Clarke, precisamente uma especialista em casos cuja moldura penal passa pela pena mais pesada.

Ao mesmo tempo têm surgido detalhes sobre o aviso das autoridades russas às autoridades norte-americanas sobre os Tsarnaev. Segundo uma fonte ligada à investigação citada pelo New York Times, a Rússia nunca tinha dito exactamente de onde vinham as suas preocupações, transmitidas aos EUA em 2011, primeiro em Março, e repetidas em Setembro. Diziam apenas que Tamerlan, o irmão mais velho, tinha adoptado ideias radicais e planeava viajar para a Rússia para se encontrar com grupos extremistas. Agora, Moscovo explicou que o aviso tinha tido base numa conversa telefónica, interceptada pelos seus serviços, entre Tamerlan e a mãe, discutindo jihad (guerra santa), mas sem qualquer plano.
 
 
 
 

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