Tamerlan Tsarnaev estava "alarmado" na última chamada para a mãe

Irmão mais velho, morto na perseguição policial, telefonou todos os dias antes do atentado. Críticas ao trabalho do FBI continuam.

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A mãe dos dois suspeitos dos atentados do passado dia 15, na maratona de Boston, numa entrevista ao diário Los Angeles Times, contou que o filho mais velho – morto durante a perseguição policial – lhe começou a telefonar diariamente nos últimos dias antes e depois do atentado e que estava preocupado com alegados contactos do FBI.

Na entrevista telefónica, dada a partir da república russa do Daguestão, a mãe dos dois suspeitos, Zubeidat Tsarnaev, conta que o filho mais velho lhe telefonou na manhã de quinta-feira, horas antes de ser morto durante a perseguição policial, dizendo-lhe que tinha sido contactado pelo FBI várias vezes durante os últimos dias porque estaria sob suspeita e que estava preocupado. “Durante a nossa última conversa na manhã, ele estava especialmente carinhoso e alarmado ao mesmo tempo”, adiantou.

Zubeidat disse ainda que o filho lhe tinha telefonado todos os dias nos últimos tempos. A mãe dos suspeitos revelou que planeia viajar para os Estados Unidos com o marido para defender o nome dos filhos e que Tarmelan estava até a tentar convencer a mulher, que é norte-americana, a mudar-se com a filha para a república do Daguestão. “Ele queria estar com os familiares, perto das raízes”, acrescentou.

Também o pai dos suspeitos do atentado de Boston, Anzor Tsarnaev, numa entrevista ao diário popular russo Komsomolskaïa Pravda citada pela AFP, insistiu na inocência dos dois filhos, descrevendo-os como “bons muçulmanos” que queriam voltar para a Rússia para ajudar os pais.

Anzor Tsarnaev contou que o filho mais velho, de 26 anos, morto durante a perseguição policial, tinha estado em Janeiro de 2012 na Rússia e “não queria partir”. E adiantou que o filho estaria sem trabalho, pelo que ficava a maior parte do tempo em casa a cuidar do filho de três anos, enquanto a mulher trabalhava. “É verdade que Tamerlan se tornou muito religioso após o seu casamento e que ia à mesquita todas as sextas-feiras. Mas ele era um bom muçulmano e não poderia de todo ter feito aquilo de que é acusado”, acrescentou.

O suspeito que sobreviveu está hospitalizado desde sexta-feira em estado considerado grave. As autoridades avançaram que está ferido numa perna e no pescoço, tendo perdido muito sangue. Algumas fontes asseguram que os ferimentos resultaram da troca de tiros que decorreu durante a detenção, mas há quem refira que o golpe que lhe afectou a fala terá sido auto-infligido. Quanto às vítimas, no atentado planeado pelos dois irmãos morreram três pessoas e mais de 170 ficaram feridas. Destas, 52 continuavam hospitalizadas no domingo, 17 das quais com prognóstico reservado.

Críticas ao FBI
Muitas das questões relacionadas com o atentado da maratona de Boston continuam em aberto e o próprio Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu num breve discurso, feito desde a Casa Branca pouco depois da detenção, procurar respostas. Foram também encontrados indícios de que os irmãos tinham material para mais atentados. Por agora crescem as acusações contra o FBI, por ter desvalorizado algumas informações sobre Tarmelan Tsarnaev, o irmão mais velho, adianta a Reuters.

Isto porque os serviços secretos russos terão contactado as autoridades norte-americanas, ainda em 2011, para falar da possível simpatia que Tarmelan Tsarnaev tinha por movimentos radicais islâmicos da república do Daguestão. Tarmelan passou seis meses na antiga república soviética, onde há forte presença de movimentos islâmicos radicais, e os russos queriam que os Estados Unidos monitorizassem os seus passos.

Mas à NBC o republicano Mike Rogers, membro da Câmara dos Representantes e presidente da comissão dos serviços de informação, assegurou que a polícia federal conduziu todas as diligências necessárias e que não existia qualquer evidência que justificasse procedimentos de maior segurança em relação a Tarmelan.
 
Pena de morte?
Até ao momento as autoridades ainda não formularam uma acusação formal e apenas garantiram que Dzhokhar terá direito a ser defendido por um advogado e informaram que pelo tipo de crime terá de responder às perguntas sem que a polícia precise de ler os seus direitos – como obriga a chamada "lei de Miranda", que prevê o direito de o suspeito se manter calado ou de pedir um advogado.

Mas sabe-se que Dzhokhar poderá vir a enfrentar a mais pesada das condenações: a pena de morte. Apesar de no estado de Massachusetts a pena capital ter sido abolida há vários anos, há uma lei federal que prevê excepções para casos de terrorismo ou utilização de armas de destruição em massa. Resta saber quais serão os termos da acusação que as autoridades estão a preparar, podendo a idade do suspeito e a forma como venha a colaborar ser determinantes para o desfecho.

O mayor de Boston, Thomas Menino, citado pelo Boston Herald, quer que Dzhokhar Tsarnaev seja acusado de terrorismo, o que possibilitaria a sua condenação à pena de morte. “Penso que deve ser condenado ao máximo que a lei permitir”, disse Menino, acrescentando que está “orgulhoso” da postura dos cidadãos de Boston que não se deixaram tomar pelo medo perante o atentado.
 
 
 
 
 
 
 

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