Exército trava ofensiva do EI na Tunísia e mata pelo menos 35 jihadistas

Incidentes ocorreram após ataques terroristas coordenados em Ben Guerdane, perto da fronteira com a Líbia. Pelo menos 52 pessoas morreram, incluindo civis e soldados.

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Forças tunisinas junto à fronteira com a Líbia Reuters

O exército tunisino matou esta segunda-feira pelo menos 35 jihadistas do autodesignado Estado Islâmico (EI) que tentavam lançar ataques contra vários postos das forças de segurança tunisinas em Ben Guerdane, cidade no sudeste da Tunísia que fica situada perto da fronteira com a Líbia. 

Para além dos jihadistas, pelo menos sete civis e dez soldados morreram nos confrontos, segundo um comunicado provisório dos ministérios do Interior e da Defesa, citado pela AFP.

O Presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, condenou o ataque que caracterizou como “coordenado e “sem precedentes”. Em declarações à televisão estatal, afirmou que os atacantes poderiam ter a “intenção de controlar a região” e de “proclamar uma nova província”. “Os tunisinos estão em guerra contra esta barbárie e contra estes ratos que vamos exterminar definitivamente”, afirmou. 

Este ataque surge depois de na quarta-feira passada cinco jihadistas terem sido mortos pelas forças de segurança tunisinas.

"Se o exército não estivesse preparado, os terroristas poderiam ter sido capazes de erguer a sua bandeira em Ben Guerdane e obtido uma vitória simbólica", afirmou Abd Elhamid Jelassi, vice-presidente do partido islâmico Ennhahda, que faz parte da coligação de Governo. Foram ainda detidos seis militantes do EI. 

Todas as entradas para a cidade foram fechadas, incluindo as que a ligam à cidade de Ras Adjir, que faz fronteira com a Líbia. As autoridades tunisinas impuseram também um recolher obrigatório durante a noite.

As forças de segurança patrulharam as ruas da cidade apelando a que os cidadãos permanecessem nas suas casas, sendo recebidos com aplausos. “Viva a Tunísia! Deus é grande! “, gritavam os tunisinos, enquanto ainda ecoavam os tiros, segundo informações de repórteres da AFP no local.

A Tunísia, que tem sido considerada um exemplo de transição democrática depois da revolução contra o regime de Ben Ali, tem enfrentado enormes dificuldades para combater os islamistas. Mais de 3 mil tunisinos abandonaram o país para combater nas fileiras do EI e de outros grupos jihadistas na Síria e no Iraque. Fontes oficiais da segurança tunisina afirmaram à Reuters que muitos combatentes estão a regressar ao país para atravessarem a fronteira e juntarem-se ao EI na Líbia, que tem crescido substancialmente neste país nos últimos meses.

Desde a queda de Muammar Khadafi há cinco atrás, a Líbia mergulhou ainda mais no caos, existindo dois governos rivais e facções armadas a lutarem pelo controlo do país. O autodesignado EI tem aproveitado a situação para aumentar a sua influência, tendo tomado o controlo da cidade de Sirtre e recrutado combatentes estrangeiros.

Os jihadistas provenientes da Tunísia têm assumido um papel fundamental na organização do grupo extremista na região, estando as autoridades tunisinas em alerta máximo perante constantes tentativas de infiltração por parte de militantes do grupo.

Conselheiros militares ocidentais estão a começar a treinar forças tunisinas para ajudarem a proteger a fronteira, reforçando-a com vigilância electrónica e com drones.

No mês passado, os Estados Unidos bombardearam a cidade líbia de Sabratha, tendo destruído um campo de jihadistas composto maioritariamente por tunisinos. Um dos alvos abatidos foi Noureddine Chouchane, responsável pelos atentados no museu Bardo em Tunis e no resort turístico em Sousse.

A Tunísia construiu também uma barreira ao longo da sua fronteira com a Líbia, de forma a evitar a passagem de jihadistas vindos do país vizinho, uma medida que se impunha perante o aumento significativo de militantes islamistas que têm lançado diversos ataques no país.

Texto editado por Joana Amado

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