Estado Islâmico reivindica ataque no Texas

O ataque a uma conferência anti-islão no Texas foi reclamado oficialmente pelo grupo terrorista. A Casa Branca não tem a certeza.

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O carro dos atacantes, investigado por uma equipa do FBI Ben Torres/AFP

O ataque contra um concurso de caricaturas de Maomé no Texas foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Mas a Casa Branca diz que "é cedo" para estabelecer uma ligação entre Elton Simpson e Nadir Soofi, os dois homens armados que tentaram entrar no edifício onde estava a ser promovido um evento anti-islão, e esta organização jihadista que controla território na Síria e no Iraque.

"A investigação ainda está em curso e é demasiado cedo para nos pronunciarmos", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, comentando a reivindicação do EI.

Os dois norte-americanos moravam em Phoenix, no estado do Arizona. Ambos foram abatidos pela polícia na madrugada de segunda-feira, num tiroteio à porta do Centro Curtis Well, em Garland, no Texas, onde a Iniciativa para a Defesa da Liberdade Americana – uma associação americana considerada islamofóbica – promovia o concurso de caricaturas. O convidado de honra era o político holandês Geert Wilders, conhecido também pelas suas posições contrárias ao islão.

"Dois soldados do califado lideraram um ataque a uma exposição de caricaturas contra o profeta", anunciou o EI através da sua emissão diária de rádio, acrescentando que os seus soldados "irão infligir danos aos Estados Unidos", que, no futuro, "serão mais agressivos". 

As autoridades americanas estão a investigar o caso e admitem que Simpson, que tinha sido condenado em 2011 a três anos de prisão, com pena suspensa, por suspeitas de pretensão de se juntar à milícia islamista Al-Shabab, na Somália, era um simpatizante do EI. Mas não conseguiram ainda confirmar se este contactou directamente com o grupo terrorista na preparação do ataque. De Soofi, apenas se sabe que vivia perto de Simpson.

Poucas horas antes do ataque, Elton Simpson tinha deixado uma publicação na sua conta Twitter: "Eu e o irmão que está comigo prestamos fidelidade ao comandante dos fiéis. Que Alá nos aceite como mujahedin", com a palavra-chave #texasattack. Esta é uma das denominações para o líder do Islão e califa, e seria uma referência a Abu Bakr al-Baghdadi, o responsável máximo do EI, que se autoproclamou califa.

A conta Twitter de Simpson foi entretanto desactivada, assim como uma outra de cariz propagandista do grupo terrorista, que tinha publicado "dois dos nossos irmãos acabam de abrir fogo", pouco tempo depois do tiroteio.

O evento organizado em Garland criou alguma tensão junto da comunidade local, não só pelo seu conteúdo mas também porque tanto os organizadores do concurso de cartoons de Maomé como os dois atacantes vieram de fora.

A comunidade muçulmana local mostrou-se mesmo incomodada com a realização da conferência em Garland. O director local do Conselho Americano-Islâmico, Alia Salem, disse à BBC que "encorajou a comunidade a ignorar" este evento e semelhantes que, juntamente com os actos de terrorismo que se lhe seguiram, só "contribuem para a dividir" ainda mais.

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