Dilma desce nas sondagens e Lula ainda é o mais desejado

Presidente continua no rumo da reeleição, ajudada pelo descontentamento dos eleitores em relação aos restantes candidatos.

Foto
A maioria dos brasileiros esperava mais de Dilma Ueslei Marcelino/Reuters

Apesar de manter intacta a probabilidade de ser reeleita à primeira volta nas eleições Presidenciais de Outubro, Dilma Rousseff viu a sua popularidade descer seis pontos no último mês, segundo uma sondagem da Datafolha. A esta descida junta-se o crescente número de eleitores brasileiros que defendem uma mudança no rumo político do país, e que escolhem Lula da Silva como o mais indicado para ser o seu protagonista.

Marcada pela estagnação do crescimento económico, pelo risco de subida da inflação, pelas gigantescas manifestações do ano passado e pelo envolvimento do seu nome em casos que podem vir a tornar-se verdadeiros escândalos políticos, Dilma Rousseff recolhe agora 38% das intenções de voto, contra os 44% registados em finais de Fevereiro.

Os seus principais adversários, Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), estagnaram nas sondagens e surgem ainda a grande distância – o primeiro com 16% e o segundo com uma ligeira subida, de 9% para 10%.

Se nada de significativo mudar nos próximos meses, a sucessora de Lula da Silva está no rumo para conquistar um segundo mandato – para uma vitória à primeira volta, um candidato tem de recolher 50% dos votos ou uma percentagem superior à soma dos seus opositores. O prazo para o anúncio de candidaturas termina a 30 de Junho de 2014.

Mas a sondagem mostra que o cenário poderia ser outro se a antiga ministra do Ambiente e candidata à Presidência em 2010, Marina Silva, entrasse no boletim de voto em substituição do líder do seu partido, Eduardo Campos. Com uma popularidade muito superior aos principais adversários de Dilma Rousseff, Marina Silva recolheria 27% dos votos – mais quatro pontos do que na sondagem de Fevereiro.

O desejo de mudança no Brasil reflecte-se no estudo da Datafolha, com 72% dos inquiridos a dizerem que gostariam de ver outro rumo, emboram nenhum dos candidatos já anunciados seja o mais indicado para o papel de protagonista. Aécio Neves recolhe 13%, Eduardo Campos apenas 7% e Dilma Rousseff fica-se pelos 16% – um pouco abaixo de Marina Silva (17%). Apesar dos escândalos que envolveram o Partido dos Trabalhadores, como o caso do Mensalão, o ex-Presidente Lula da Silva ainda é o nome mais desejado pelos inquiridos para promover as mudanças que tanto exigem, com 32%, ou o dobro de Dilma Rousseff.

A Presidente está a enfrentar uma onda de notícias negativas que envolvem a Petrobras – as capas desta semana das revistas Veja e Época são sobre escândalos relacionados com a petrolífera estatal, que culminaram na detenção, há duas semanas, de um ex-director da empresa, Paulo Roberto Costa, acusado de corrupção passiva.

Mas os candidatos do PSDB e do PSB também não estão a salvo de polémicas. Neste domingo, os media brasileiros noticiam tentativas de pressão de importantes doadores das campanhas para que o Congresso deixe cair a ideia de investigar os negócios da Petrobras, mas também os contratos do chamado "cartel dos trens" de São Paulo e do Porto de Suape, em Pernambuco, que tocam o PSDB e o PSB.

"Os empresários foram informados, porém, de que o governo está jogando mais para criar um clima de 'confusão' no Congresso e, com isso, impedir que qualquer CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito], mesmo que seja criada, venha a funcionar de facto", escreve o jornal Folha de S. Paulo.

Sugerir correcção
Comentar