Comunidade da África Ocidental quer enviar tropas para a Guiné-Bissau

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Os militares fizeram um golpe de Estado a 12 de Abril Alfa Baldé/AFP

O grupo regional dos países da África Ocidental pretende enviar uma missão de mais de 600 soldados para a Guiné-Bissau, a chegarem ao país nos próximos dias com o objectivo de proteger os civis e as instituições de poder, apesar de a junta militar que levou a cabo o golpe do início deste mês ter recusado intervenções estrangeiras.

Esta iniciativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), confirmada ontem por um responsável daquela organização regional, poderá relançar o conflito no território, que permanece numa frágil calma desde o golpe de Estado de 12 de Abril, uma vez que a junta deixara claro que interpretaria qualquer mobilização de forças militares de outros países como uma “ocupação”.

Aquela fonte garantiu que a missão, com 638 soldados, incluindo militares da Nigéria, Costa do Marfim, Senegal e Burkina Faso, estará em território guineense “nos próximos dias” e a sua chegada “vai coincidir” com a retirada de uma força mais pequena angolana, a qual está na Guiné-Bissau no âmbito dos esforços de reformas do exército daquele país, profundamente empobrecido e ainda a recuperar da guerra civil de 1998-99 e, ainda antes, da longa guerra de mais de uma década pela independência.

O anúncio da missão da CEDEAO surge no mesmo dia em que o Comando Militar que tomou o poder no país revelou que não poderá pagar os salários deste mês aos funcionários públicos, justificando esta falta com a ausência de um novo Governo. Em comunicado, a cúpula dos golpistas avança que “é provável” que os salários possam ser pagos na próxima semana, após a conclusão “das negociações com a comissão técnica da CEDEAO”.

Uma delegação do bloco regional está em Bissau desde segunda-feira, na tentativa de encontrar soluções para o regresso à ordem constitucional no país, mantendo reuniões regulares tanto com o Comando Militar – que depôs o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro e candidato mais votado na primeira volta das presidenciais, Carlos Gomes Júnior – como com o gabinete integrado das Nações Unidas para a paz na Guiné-Bissau.

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