Colorado prevê lucrar 578 milhões de dólares com a legalização da venda da marijuana

Houve quem pernoitasse à porta das lojas - muitos quiserem ser os primeiros a comprar legalmente uma droga nos EUA.

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Julie Postlethwait/AFP

Toni Fox planeava abrir as portas da sua loja de marijiana em Denver, no Colorado, às oito da manhã de quinta-feira. Deixaria, então, entrar a fila de clientes que ali se formara, tendo alguns pernoitado à porta de forma a tornarem-se as primeiras pessoas nos Estados Unidos a comprarem legalmente uma droga para uso recreacional.

Fxz tratou de arranjar algumas tendas para os clientes se abrigarem. Também disponibilizou  aquecedores e ofereceu donuts e bolos aos que esperavam pela hora da loja abrir. Toni esperava que os lucros da sua 3D Cannabis Center, que está aberta desde 2010 como loja de venda de marijuana para fins medicinais, subissem de 30 mil dólares por mês (21,900 euros) para 250 mil (283 mil euros).

"Tenho pessoas a fazer fila à porta, vamos viver um dia muito festivo", disse, por telefone, a dona da 3D Cannabis. "Sentimo-nos como se estivéssemos a passear ao sol".

A loja de Toni Fox é uma das 14 de Denver que conseguiram em tempo útil as licenças para venderem marijuana a maiores de 21 anos - a legalização da venda entrou em vigor no dia 1 de Janeiro. Foi há um ano que os legisladores do Colorado e de Washington aprovaram leis que tornam estes estados  os primeiros onde se vende livremente marijuana para fins recreacionais. As lojas do estado de Washington deverão ter as suas licenças durante este ano.

O estado do Colorado prevê que o negócio renda 578.1 milhões de dólares por ano nas vendas combinadas a grosso e a retalho. Em impostos, o estado arrecadará 67 milhões de dólares - as vendas a grosso são taxadas a 15% enquanto que o retalho a dez por cento.

"Há  muita gente curiosa e que quer saber o que são, afinal, estas lojas", diz  Brian Vicente, que é o advogado na firma que representou, no Colorado, a indústria da marijuana. "Vamos ver filas jeitosas à porta delas".

Até ao dia 23 de Dezembro, o governo do Colorado e a câmara municipal tinham recebido 136 pedidos de licenças de venda, a maior parte delas para lojas em Denver. As lojas só podem abrir e vender depois de receberem as licenças estaduais e locais, explica Julie Postlethwait, porta-voz da divisão da polícia que trabalha com a marijuana. Neste estado, as licenças podem ser pedidas até 1 de Julho, mas apenas por empresas já certificadas no negócio da marijuana para fins medicinais. Em Denver - a cidade dos EUA onde há um maior número de dispensários deste produto -, a data limite para a requisição de licenças de venda vai até Janeiro de 2016.

As lojas têm nomes como Solução Verde ou Casa de Cura. Os residentes no Colorado que tenham um documento de identificação que garanta que têm 21 anos ou mais podem comprar até uma onça (31 gramas) de marijuana de cada vez; os de fora do estado podem comprar menos, um quarto de onça. É proibido consumir em público incluindo nas lojas.

Um grama de marijuana de qualidade média custa 196 dólares (143 euros); em Washington será um pouco mais barato, 192 dólares por onça, segundo o site Preço da Erva (Price of Weed), onde os consumidores podem escrever quanto pagaram pela marijuana que compraram.

"Os próximos tempos vão ser interessantes no Colorado", diz  Julie Postlethwait. "As coisas vão ficar agitadas e depois virá a acalmia. Isso dar-nos-á uma oportunidade para estudarmos os dois lados da indústria da marijuana [venda e consumo]".

A posse de marijuana continua a ser crime à luz da lei federal. Em Agosto, o Departamento de Justiça fez saber que não contestaria as leis do Colorado e de Washington se estes estados garantissem que não haverá vendas para fora dos seus territórios, a menores ou a pessoas com adição a drogas.

Em Washington a venda deverá começar em Junho, segundo a previsão de Brian Smith, porta-voz do departamento estadual que controla o álcool e que supervisiona a indústria da marijuana. Esta agência recebeu 867 pedidos de licenciamento, mas só irá passar 334. Aqui, os produtores, distribuidores e vendedores irão pagar um imposto de 25% sobre os lucros.

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