Cidade de Providence processa Petrobras e reclama indemnização para investidores

Capital do estado de Rhode Island alega que investiu em títulos da petrolífera brasileira com base em informação enganosa, vertida nos relatórios financeiros para dissimular esquema de corrupção.

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O logotipo da Petrobras na sede da empresa, no Rio de Janeiro AFP/VANDERLEI ALMEIDA

A cidade norte-americana de Providence entrou com uma acção judicial contra a estatal brasileira Petrobras, a administração da companhia, duas subsidiárias internacionais e 15 bancos que participaram em operações de venda de títulos da empresa, reclamando uma indemnização pelas perdas motivadas pelo escândalo de corrupção em que a petrolífera está envolvida.

Segundo alega o município, que é a capital do estado de Rhode Island, os montantes investidos em títulos de dívida da Petrobras no âmbito do seu fundo de pensões destinado aos funcionários públicos assentaram em informação enganosa e pressupostos financeiros e contabilísticos fraudulentos, uma vez que as contas da estatal estavam maculadas pela super-facturação de contratos para o pagamento de “propinas” que financiaram as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, no governo, e outros partidos da sua base aliada.

Os investidores querem ser ressarcidos pelos seus prejuízos que, argumentam, resultam da compra de obrigações (de renda fixa) “listadas a preços artificialmente inflacionados para ocultar o envolvimento da empresa num velho esquema de pagamentos ilícitos, dissimulados no valor dos activos apresentados nos relatórios da empresa”. Segundo a queixa, os investidores foram enganados nos prospectos das operações, que continham informação financeira que não correspondia à realidade do balanço da empresa.

A revelação do esquema de corrupção no interior da estatal, num processo da justiça brasileira designado como operação Lava-Jacto, atirou a cotação da petrolífera para abaixo de dez reais (três euros) pela primeira vez na última década. Desde que foram conhecidas as investigações policiais, a companhia já acumula perdas de mais de 40% no seu valor de mercado.

O processo, que deu entrada num tribunal de Nova Iorque no dia 24 de Dezembro, não especifica os montantes investidos pela cidade de Providence para o seu fundo de pensões, cujo valor ascende a cerca de 300 milhões de dólares. Mas só nas operações de emissão de dívida abrangidas pela queixa (que engloba o período de Janeiro de 2010 a Novembro de 2014) a Petrobras arrecadou 98 mil milhões de dólares nos mercados.

Antes da acção colectiva subscrita pela sociedade Labaton Sucharow em nome da cidade de Providence, e à qual é possível associar ainda mais queixosos, já tinham sido interpostos dez processos contra a Petrobras por investidores dos Estados Unidos — tanto fundos como grupos de accionistas individuais, que alegam perdas com a compra e venda de papéis da petrolífera brasileira transaccionados pela bolsa de Nova Iorque.

O Ministério Público brasileiro estima que, na última década, tenham sido desviados cerca de quatro milhões de dólares da Petrobras. O processo conta já com acusações contra 39 indivíduos, suspeitos dos crimes de associação criminosa, corrupção e branqueamento de capitais.

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