FBI desiste de queixas contra imitador de Elvis e investiga músico acusado de assediar crianças

A polícia federal e o Ministério Público não encontraram provas de que Paul Kevin Curtis tenha enviado cartas com ricina a Barack Obama e centram-se agora em Everett Dutschke.

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Curtis esteve sob custódia durante quase uma semana Reuters

Todas as acusações contra Paul Kevin Curtis foram retiradas, depois de a polícia federal norte-americana ter recebido "novas informações" sobre o caso, apesar de o Ministério Público ter sublinhado que Curtis pode voltar a ser alvo de investigação.

À saída do tribunal de Oxford, no estado do Mississípi, Curtis agradeceu "aos amigos, aos familiares, aos seus fãs e a Jesus", segundo o relato do Wall Street Journal. E contou como recebeu a notícia de que era suspeito de ter enviado cartas com ricina (ricin, em inglês), uma toxina mortal: "Pensei que eles tinham dito arroz [rice] e eu disse que nem comia arroz."

"Amo o meu país e nunca faria nada que pudesse ameaçar o Presidente Barack Obama ou qualquer outro responsável norte-americano", disse Paul Curtis. O músico, imitador de Elvis e autoproclamado perito em reflexologia, de 45 anos, disse que apenas quer "regressar à normalidade", o que significa ser "o melhor pai" e "entreter as pessoas através da música".

Paul Curtis foi detido na semana passada em sua casa, na pequena localidade de Corinth, no estado do Mississípi. Quando os agentes lhe bateram à porta, ficou a saber que era suspeito de ter enviado cartas com ricina para o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama; para o senador republicano Roger Wicker, do Mississípi; e para uma juíza de Lee County, no Nordeste do mesmo estado.

O FBI recebeu pistas que levaram os agentes à residência de Curtis, mas o facto de não terem encontrado vestígios de ricina nem indícios de pesquisas na Internet relacionadas com a substância levou as autoridades a admitirem que poderiam estar na casa errada.

"Acredito que alguém que conhece o Kevin apoderou-se da sua informação pessoal e fez-lhe isto", disse à CNN a advogada de Paul Kevin Curtis, Christi McCoy.

Os investigadores viraram então as atenções para um conhecido de Paul Curtis, Everett Dutschke, também ele músico e homem de múltiplos talentos e actividades: é líder da banda The RoboDrum (de quem o jornal Northeast Mississipi Daily Journal disse que "está a levar o blues para novos terrenos"); instrutor de artes marciais e proprietário de um ginásio de taekwondo em Tupelo; e candidatou-se à Câmara dos Representantes do estado do Mississípi pelo Partido Republicano em 2007, tendo perdido para o democrata Stephen Holland – de acordo com a agência Reuters, a mãe de Stephen Holland, Sadie Holland, é a juíza que recebeu uma das cartas com ricina enviadas na semana passada.

Durante a campanha para as eleições, em 2007, Everett Dutschke acusou o seu adversário do Partido Democrata de ser "brando com os imigrantes" e de ser "amigo" dos responsáveis pelos ataques de 11 de Setembro de 2001. Um dos vídeos produzidos por Dutschke tem como título The Aliens are Coming! (qualquer coisa como "A Invasão dos Estrangeiros").

Em Janeiro deste ano, Everett Dutschke começou a ser referido pelos piores motivos, depois de ter sido acusado de molestar uma menina de sete anos de idade que frequentava o ginásio de que é proprietário. Já em Março, foi acusado de aliciar duas adolescentes menores de 16 anos de idade.

A advogada de Everett Dutschke, Lori Nail Basham, disse ao Wall Street Journal que o seu cliente "está a colaborar", que autorizou os agentes do FBI a procederem a buscas em sua casa e que nega qualquer envolvimento no caso.
 
 
 
 
 

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