Camião com material radioactivo roubado no México

Veículo transportava máquina de radioterapia que continha uma fonte de cobalto-60 que a Agência International de Energia Atómica diz ser "extremamente perigosa".

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O equipamento de radioterapia, em foto da agência mexicana de segurança nuclear CNSNS
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O aparelho no momento em que era acondicionado para o transporte CNSNS
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A caixa onde está o equipamento, e que estava no camião roubado CNSNS

Um camião que transportava uma substância radioactiva, usada para fins médicos mas que é “extremamente perigosa”, foi roubado segunda-feira no México.

O camião transportava uma máquina de radioterapia de um hospital de Tijuana, no Norte do país,  e foi roubado numa estação de serviço em Tepejaco, nos subúrbios da cidade do México, na madrugada de segunda-feira.

Segundo a Comissão Nacional de Segurança Nuclear e Salvaguarda, o veículo era um Volkswagen Worker branco, ao qual estava acoplada uma plataforma com uma grua. A sua missão era levar o equipamento de radioterapia para o Centro de Armazenamento de Resíduos Nucleares de Maquixco, também nos arredores da cidade do México.

Imagens divulgadas pelas autoridades mexicanas mostram fotos do equipamento de radioterapia e a caixa onde fora acondicionado para o transporte. O aparelho contém cobalto-60, uma substância radioactiva utilizada em equipamentos médicos – como aparelhos de radioterapia e radiografia – e também para outras finalidades, como a irradiação de alimentos.

“A fonte radioactiva que se encontra no interior deste equipamento médico está devidamente blindada e não representa risco algum, desde que não fracturem ou alterem a sua cápsula”, alerta a comissão nuclear, numa nota no seu site na Internet.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a quem as autoridades mexicanas comunicaram o roubo do camião, também diz que a substância pode ser “extremamente perigosa” se for retirada do interior do equipamento.

A preocupação não é infundada. Em 1987, apanhadores de sucata encontraram um equipamento de radioterapia numa clínica abandonada na cidade de Goiânia, Brasil. Abriram-no e ficaram fascinados com a substância cintilante que estava no seu interior. Era césio-137, um material radioactivo que acabou por contaminar centenas de pessoas, matando quatro, segundo dados oficiais, ou 104 segundo a Associação das Vítimas do Césio 137. O episódio foi classificado como um acidente nuclear de nível cinco, na escala de zero a sete utilizada pela AIEA.

O cobalto-60 não é usado no fabrico de armas nucleares, mas teoricamente pode ser usado para produzir “bombas sujas”, que combinam explosivos convencionais com substâncias radioactivas. A ideia destas armas é espalhar material radioactivo, mesmo sem uma fusão nuclear, provocando uma contaminação em larga escala. Peritos internacionais têm alertado para o risco associado aos stocks destas substâncias guardados em hospitais e instalações sem a necessária vigilância.

Segundo o jornal mexicano El Universal, o camião estava parado numa estação de serviço, para descanso do motorista. Cerca das 1h30 de segunda-feira, duas pessoas armadas abordaram o condutor, levaram-no para um terreno adjacente, atando-lhe os pés e as mãos. De seguida, levaram o veículo, que a polícia ainda estava a tentar localizar esta quarta-feira.


 
 
 

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