A Taça das Confederações acabou e quem perdeu foi Dilma Rousseff

As manifestações diminuíram mas não cederam no Brasil, e houve até uma ocupação (pacífica) do edifício da nova sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro

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A polícia de choque cercou o estádio do Maracanã JUAN BARRETO/AFP

No dia da final da Taça das Confederações, a Presidente Dilma Rousseff não foi ao estádio entregar a taça ao vencedor, no jogo em que o Brasil acabou por derrotar a Espanha (3-0), no Macaranã, no Rio de Janeiro. Ela foi uma grande perdedora do mês que abalou o Brasil: se as eleições presidenciais fossem agora e não em 2014, teria de disputar uma segunda volta com Marina Silva.

Para tentar evitar excessos no terreno, a polícia convidou a Ordem dos Advogados do Brasil e a Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro a acompanharem o cordão de isolamento feito por polícias militares do Batalhão de Choque em volta do Maracanã neste domingo. “É uma iniciativa muito positiva. Pode ser o embrião de um controlo social externo e efectivo do trabalho policial”, comentou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, Wadih Damous, citado pelo jornal O Globo.

No Rio de Janeiro, no entanto, as manifestações durante o dia não terão tido mais de 5000 pessoas. Em Salvador da Bahia houve protestos, tal como em São Paulo e Belo Horizonte, mas de pequena dimensão.

Mas neste domingo, com o fim da Taça das Confederações — e já que o futebol foi pretexto e serviu de pano de fundo para os protestos — foi dia de se fazer contas aos abalos políticos causados pelo mês de manifestações que fez com que a Presidente Dilma Rousseff estivesse ontem ausente da final. Aliás, a FIFA ficou com um problema por não ter substituto para entregar a taça ao vencedor e acabou por ser o ministro do Desporto, Aldo Rebelo, a entregar o troféu.

A confiança dos brasileiros na sua Presidente não só desabou 27 pontos percentuais num mês (de 57% para 30%) como, de acordo com um estudo Datafolha publicado na íntegra pela Folha de São Paulo, se ela fosse a votos agora, teria de se sujeitar a uma segunda volta com Marina Silva, que por estes dias tenta tornar viável um novo partido, a que chama Rede Sustentabilidade.

As intenções de voto em Dilma Rousseff reduziram-se em 21 pontos percentuais: tem actualmente 30%. Ainda está à frente, mas Marina Silva cresceu de 16% para 23%, num cenário hipotético em que se candidatariam Aécio Neves (Partido da Social Democracia Brasileira) e Eduardo Campos (Partido Socialista Brasileiro), os mais prováveis rivais nas eleições presidenciais de 2014. Quem teria melhor prestação, neste cenário eleitoral, seria o ex-Presidente Lula da Silva. No início de Junho, antes dos protestos, 55% dos brasileiros dar-lhe-iam o seu voto, se voltasse a candidatar-se. Agora, tem ainda 46%.

Uma nova figura entrou na especulação sobre as eleições: Joaquim Barbosa, o presidente do Supremo Tribunal Federal, que sondagens feitas durante os protestos revelaram como o preferido de muitos para a presidência da República.

As intenções de voto nesta figura do Estado duplicaram durante o mês de Junho, mostra a sondagem Datafolha. Contra Dilma Rousseff, Barbosa passou de 8% para 15%; já contra Lula, de 8% para 13% — se Barbosa se candidatasse num cenário contra Lula, o ex-presidente provavelmente disputaria uma segunda volta.

Notícia alterada às 22h30: no quarto parágrafo, foi corrigido "ontem" por "neste domingo"

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