A lusofonia e as vozes do silêncio

A língua portuguesa anda muito em voga. Em Dezembro, Coimbra terá um congresso internacional onde se diz que ela é “uma língua de futuro”; em Novembro, a Academia de Ciências de Lisboa organiza um colóquio intitulado "Ortografia e Bom Senso"; e hoje, em Paris, decorrem os Encontros da Lusofonia na Fundação Calouste Gulbenkian. Bons sinais? São. Ou seriam, se neste momento Luaty Beirão não estivesse a arriscar a vida em Angola em nome da liberdade e da justiça. Ele fala português, mas não consegue fazer-se entender perante os que, falando a mesma língua, o mantêm preso. E continua em greve de fome só para que ele e outros presos aguardem o julgamento (já marcado) em liberdade. Por isso hoje, em Paris, a escritora Dulce Maria Cardoso dirá: “Se nos mantivermos calados em relação a Luaty Beirão, discutir a lusofonia corre o risco de se tornar num obsceno entretenimento de colonizadores e seus cúmplices.” Ouvi-la-ão?

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