Português suspeito de ter sequestrado médico é inquirido nesta quinta-feira por juiz em Espanha

Suspeito português, interceptado quando conduzia o carro da mãe em Vigo, foi transferido para uma esquadra a quase 40 quilómetros do local da detenção.

O português detido em Espanha e que é suspeito de ter sequestrado o médico António Veloso, em Arcos de Valdevez, na semana passada, só será ouvido nesta quinta-feira de manhã por um juiz espanhol em Porrinho, na Galiza.

Álvaro Santos Barbosa, 32 anos, que até lá permenecerá detido, só então irá conhecer as medidas de coacção decretadas pelo magistrado. A mesma fonte sublinhou ao PÚBLICO que a polícia portuguesa está convicta de que o suspeito deverá ficar sujeito a prisão preventiva enquanto aguarda julgamento em Espanha.

O cúmplice galego de 45 anos, Saturnino Marcos Cerezo “Canceliñas”, conhecido por fugas aparatosas de várias cadeias e considerado muito perigoso pelas autoridades espanholas, continua a monte.

A PJ não acredita na possibilidade de Álvaro vir a ser julgado em Portugal, mediante extradição, apesar de o crime inicial se ter registado em território nacional e de o mesmo detido ser também referenciado por um assalto a uma habitação em Paredes de Coura, horas antes do sequestro. “Há uma continuidade no crime e a maior parte dele ocorre já em Espanha”, acrescentou. O PÚBLICO aguarda respostas da Procuradoria-Geral da República a quem competirá requerer ou não a extradição.

Detido em Vigo, Álvaro Barbosa está a ser nesta quarta-feira interrogado pela Guardia Civil em Lérez, numa “dependência policial” daquela força, disse ao PÚBLICO fonte do Gabinete de Comunicação da Guardia Civil. O detido foi levado para Lérez pelas 9h30 (10h30 em Espanha), segundo o jornal La Voz de Galícia. Ao PÚBLICO, fonte da Guardia Civil não conseguiu, porém, explicar o motivo da transferência do suspeito, que foi detido em Vigo, a quase 40 quilómetros de Lérez.

O português foi interceptado às 7h49 (8h49 em Espanha), em Vigo, na Galiza. Álvaro Barbosa foi detectado pela Guardia Civil na Rua Jacinto Benavente, junto aos terminais do Porto de Vigo, enquanto conduzia um automóvel de matrícula portuguesa que, segundo o jornal La Voz de Galícia, é propriedade da sua mãe. 

Polícias vigiavam o Ford Fiesta em Tui?
De acordo com o mesmo diário, há vários dias que os polícias espanhóis vigiavam o Ford Fiesta vermelho que se encontrava estacionado anteriormente em Tui, “em frente à Area Panorámica”. Os investigadores sabiam que o carro era usado por Álvaro, já que a mãe, diz o jornal, não tem carta de condução nem deu nota às autoridades de que a viatura já não estava em seu poder.

O detido, natural de Paredes de Coura e referenciado pelas autoridades portuguesas por vários furtos, era procurado desde sexta-feira, juntamente com o mais perigoso dos dois sequestradores, “Canceliñas”. As investigações decorriam em Portugal e em Espanha.

Álvaro já teria sido visto no domingo em Paredes de Coura, juntamente com o cúmplice “Canceliñas”, o que motivou, na altura, a realização de buscas da GNR no local. A acção foi, porém, infrutífera e provocou até algum mal-estar na PJ, apurou o PÚBLICO junto desta polícia. A PJ, que tutela a investigação deste caso em Portugal, não gostou da pronta iniciativa da GNR nem do empenho de um dispositivo tão grande e fortemente armado no local. Na aldeia de Cossourado, Paredes de Coura, estiveram mais de 30 militares que visaram três habitações numa acção que foi acompanhada por alguns elementos da PJ.

“A operação foi precedida de uma informação nossa à PJ. Não registei qualquer desconforto, mas sim a boa colaboração entre as duas forças no terreno”, disse ao PÚBLICO o tenente-coronel Prazeres, da GNR de Viana do Castelo.

23 horas de sequestro
O sequestro aconteceu na quinta-feira à noite, junto a um supermercado de Arcos de Valdevez. O médico António Veloso, de 62 anos, foi raptado e apenas foi libertado 23 horas depois, em Ponteareas, Pontevedra (Espanha). Foram os donos de uma casa nesta localidade espanhola que, pelas 20h de sexta-feira, alertaram a Guardia Civil. António Veloso apareceu de boa saúde e já prestou declarações na Guardia Civil.

O médico foi vítima de um carjacking, com ameaça de armas de fogo, e obrigado a fazer levantamentos bancários de "milhares de euros", conforme relatou pouco depois de libertado.

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