Assembleia Municipal de Lisboa inaugura mural e condena entrega do Oceanário a privados

Com os votos contra do PSD e do CDS, os deputados aprovaram duas moções contra a concessão a privados da exploração do Oceanário.

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O mural alusivo ao 25 de Abril decora agora uma das paredes do Fórum Lisboa Nuno Ferreira Santos

O mural alusivo ao 25 de Abril desenhado numa das fachadas da sede da Assembleia Municipal de Lisboa, da autoria de Tamara Alves, foi apresentado publicamente esta terça-feira.

A cerimónia, durante a qual foram distribuídos cravos, terminou ao som de Grândola Vila Morena, interpretada pelos presentes. A autora do mural explicou que, com esta obra, com um fundo cor-de-rosa no qual surgem várias figuras humanas desenhadas a preto e branco, pretendeu transmitir “acção, entreajuda, união e trabalho de equipa”. “Não podemos parar de lutar”, afirmou Tamara Alves, que se emocionou ao conhecer Júlio Pomar, que presidiu ao júri que elegeu a sua proposta entre as 21 apresentadas. 

Já o pintor saudou esta iniciativa da assembleia municipal, que tinha como tema “25 de Abril hoje”, considerando que ela “promove o uso da liberdade que alguns jovens fazem, pintando nas paredes”. Lembrando os tempos em que a palavra liberdade “não era dita”, Júlio Pomar questionou “até que ponto se está a viver a liberdade”.

Presente na cerimónia esteve também Aprígio Ramalho, vice-presidente da Associação 25 de Abril, que elogiou o mural que a partir de agora pode ser visto numa das fachadas laterais do edifício do antigo cinema Roma, na avenida com o mesmo nome, afirmando que “tem muito a ver com o que os militares de Abril quiseram fazer ou entregar ao povo português”.

Concluída a cerimónia, foi tempo de os deputados da assembleia municipal apresentarem declarações políticas sobre os mais variados temas, incluindo a isenção de taxas que a Câmara de Lisboa pretende atribuir ao Rock in Rio, o protelar de um conjunto de obras a cargo do município ou o atraso na reabertura do Complexo Desportivo dos Olivais.

A entrega do Oceanário a privados também esteve na ordem do dia, tendo sido aprovadas duas moções, uma do PS e outra do movimento Parque das Nações Por Nós, condenando essa intenção do Governo. Os deputados municipais do PSD e do CDS opuseram-se a ambos os documentos, excepção feita aos pontos da moção socialista que defendiam a preservação das actividades e conteúdos pedagógicos daquele equipamento, e a garantia de acesso universal ao mesmo.

João Pinheiro, do PS, disse que recebeu com “estupefacção o anúncio de privatização do Oceanário”, que classificou como “subreptício” e que lamentou ter sido feito “a partir de Bruxelas”. O deputado municipal, segundo quem o Governo pretende arrecadar 40 milhões de euros com este negócio, defendeu ainda que, a avançar, este processo não pode deixar de ser feito com “um amplo debate público”.  

Já José Moreno, que preside à Junta de Freguesia do Parque das Nações, confessou ter ficado “chocadíssimo” e anunciou que vai lançar várias iniciativas para tentar travar o projecto do Governo. Entre elas uma petição na Internet e a mobilização das comunidades científica e educativa para esta causa.

 

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