O Rio Ave

Gosto de ouvir toda a gente a falar do Benfica. Infelizmente isso só acontece quando o Benfica perde, que é quase nunca.

Soube nesta mesma semana quatro coisas: o meu amado e sempre surpreendente neto António joga futebol no Estoril-Praia. Primeira coisa. É muito boa. Segunda coisa, muito má, mas má por ser tão boa: o Antoninho é do Sporting. Mostra independência de espírito. É muito fácil apoiar os clubes vencedores (o Benfica e o Porto). É muito mais corajoso e leal apoiar clubes perdedores e azarados como o Sporting que, por muita pouca sorte que tenham, nunca desistem de competir para serem considerados — nem que seja uma só vez — os melhores.

Terceira coisa, graças à inteligência dos pais: a primeira vez que foi ao futebol foi no Estádio da Luz ver o Benfica-Sporting de Braga.

A quarta coisa que soube foi que o Benfica, que é o meu clube, perdeu com o Rio Ave, que é uma equipa de futebol da lindíssima Vila do Conde. Por 1 contra 2.

Como benfiquista que sou não posso fingir que não preferia que o António tivesse sido convertido ao benfiquismo depois da ida ao Estádio da Luz. Mas como também não compreendo como é que alguém é incapaz de ser do Benfica, por muito instintivo, fácil e natural que seja, aceito que o problema é meu. Ou será mérito do Benfica?

Gosto de ouvir toda a gente a falar do Benfica. Infelizmente isso só acontece quando o Benfica perde, que é quase nunca. Ganhar ao Benfica é raro, difícil e meritório. O Rio Ave está de parabéns. Isto não é desportivismo. É respeito. É do Rio Ave que toda a gente deveria estar a falar. Os nossos parabéns!

Sugerir correcção
Comentar