Julio Grondona, presidente da Federação Argentina de Futebol (AFA) e vice-presidente da FIFA, morreu esta quarta-feira num hospital de Buenos Aires, onde deu entrada após ter sofrido um aneurisma, de acordo com o jornal El Clarín.

Desde 1979 que Grondona presidia à AFA e tornou-se num dos homens-fortes do futebol argentino e sul-americano. Na FIFA tinha a seu cargo a Comissão de Finanças e era vice da Comissão Estratégica.

Enquanto foi o responsável máximo pelo futebol argentino, a "Albiceleste" venceu um título mundial (1986) e foi por duas vezes vice-campeã (1990 e 2014), tendo ainda conquistado duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos (2004 e 2008) e duas Copas América (1991 e 1993). O "reinado" de 35 anos de Grondona à frente da AFA foi praticamente incontestado.

Grondona chegou à presidência da AFA ainda durante a época em que a Argentina era controlada pela Junta Militar, mas antes disso tinha-se notabilizado pela fundação do Arsenal de Sarandí, em 1956, e por ter presidido o Independiente, entre 1976 e 1981.

Desde 1988 que Grondona fez parte da cúpula da FIFA e foi subindo na sua estrutura após a eleição de Joseph Blatter, em 1998, de quem foi sempre próximo. O New York Times dizia em 2008 que durante o seu mandato na AFA foram ordenadas cinquenta buscas aos seus escritórios, mas Grondona nunca chegou a ser considerado culpado de qualquer acusação.

Mais recentemente, a AFA viu-se implicada num esquema de venda ilegal de bilhetes durante o Mundial 2014. O próprio filho de Julio Grondona assumiu ter vendido bilhetes a amigos.

Homem de muitas polémicas, a última envolveu Diego Maradona durante o Mundial 2014. Após a vitória da Argentina frente ao Irão, Grondona disse que o antigo craque dava azar à selecção — cujo golo da vitória surgiu apenas nos instantes finais. Num programa televisivo, Maradona chamou "pobre estúpido" ao dirigente, enquanto levantou o dedo médio.

Maradona foi uma das primeiras personalidades a reagir à morte de Grondona. Através do Facebook, o ex-jogador ofereceu "as mais sinceras condolências" à família do dirigente.

"Um dia muito triste para o futebol, para a Argentina e para mim", escreveu Lionel Messi na mesma rede social.

Nos últimos tempos, a saúde de Grondona já tinha vindo a deteriorar-se, tendo sido operado aos intestinos na Suíça e na Argentina. Ao dirigente foi diagnosticado um aneurisma na artéria aorta e ia ser operado de urgência, mas não acabou por resistir.