O Benfica não só entrou no castelo como trouxe o saque

Triunfo sobre o Atlético de Madrid no Vicente Calderón facilita o apuramento para a fase seguinte da Liga dos Campeões. Colchoneros não perdiam no seu estádio em provas europeias há 24 jogos.

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Acabou com estilo a série de jogos sem vencer e sem marcar golos do Benfica fora do Estádio da Luz. Um triunfo na Liga dos Campeões frente ao Atlético de Madrid por 2-1 e, ainda por cima, depois de estar a perder, foi a forma perfeita como aquilo que já era apelidado de barreira psicológica se desfez.

Há um ano e meio que ninguém conseguia marcar no Vicente Calderón para as competições europeias. O último a conseguir fazê-lo tinha sido o brasileiro Kaká, numa derrota do Milan por 4-1. Depois passaram pelo relvado do Atlético de Madrid equipas como o Barcelona, o Chelsea, a Juventus ou o Real Madrid sem que festejassem um golo. Até que nesta quarta-feira, em dois contra-ataques bem desenhados e com um denominador comum – Gaitán –, o Benfica entrou no castelo e trouxe o saque. Três preciosos pontos no terreno do principal rival no Grupo C da Champions e o primeiro triunfo fora de portas do consulado de Rui Vitória como técnico das “águias”.

A vitória assenta bem ao Benfica, que sofreu um pouco na primeira parte, quando o lado esquerdo da sua defesa não foi capaz de impedir algumas tabelas perigosas do Atlético. Foi, aliás, durante esse período de alguma desorganização que os espanhóis chegaram ao golo, por intermédio de Correa. Mas a equipa de Rui Vitória nunca se desfez e teve o mérito de conseguir sair várias vezes das situações de maior sufoco em contra-ataques mais ou menos perigosos.

Num deles, Gonçalo Guedes tentou fazer um “chapéu” a Oblak, aproveitando uma má saída do esloveno. Sem sucesso. Mas um cruzamento bem medido de Nelson Semedo foi encontrar Gaitán do outro lado do campo, com o extremo a não desperdiçar a ocasião para empatar a partida.

O argentino nem tinha estado particularmente brilhante até esse momento, mas o golo deu-lhe o ânimo que lhe parecia estar a faltar e, a partir desse momento, melhorou, tal como o Benfica, aliás. Ou não fosse a equipa “encarnada” quase uma extensão do momento de forma de Gaitán.

Com Jiménez em campo – a surpresa que Rui Vitória tinha reservada para o “onze” inicial em detrimento de Mitroglou – sem fazer grande diferença, foi acima de tudo o flanco direito dos “encarnados”, o esforço de Jonas e o crescimento de Gaitán ao longo da partida que alimentaram o Benfica.

E se no primeiro tempo o Atlético de Madrid ainda incomodou a defesa “encarnada” o início da segunda parte foi tudo o que Diego Simeone não pretenderia. Um contra-ataque veloz conduzido pelo inevitável Gaitán, foi bem concluído por Gonçalo Guedes, que acompanhou o seu companheiro acreditando no lance.

Estava consumada a reviravolta no marcador, com o Benfica a marcar quase tantos golos ao Atlético de Madrid como todos aqueles até esta quarta-feira sofridos pelos colchoneros (3) nos sete encontros que já tinham disputado esta época.

Só que faltavam ainda longos 39 minutos até ao final da partida. Era previsível que a pressão espanhola se intensificasse, na tentativa de voltar a ficar por cima no encontro. Ninguém acreditava que uma equipa que não perdia no seu estádio em provas da UEFA desde Fevereiro de 2013 se deixasse ficar. E a verdade é que o Atlético “estrebuchou”, especialmente ao minuto 58, quando duas enormes defesas de Júlio César garantiram ao Benfica que continuaria em vantagem.

O lance parece ter deixado marcas na equipa adversária que, apesar de ter continuado a ter mais tempo de posse de bola, raramente incomodou o guarda-redes brasileiro até ao final da partida, com excepção a um par de remates de fora da área. Isto enquanto o Benfica se mantinha atento às oportunidades que o contra-ataque lhe podia proporcionar e só não dilatou a vantagem porque faltou algum discernimento na parte final dos lances.

Mas, com o saque nas mãos depois de ter invadido o castelo adversário, o Benfica não deixou fugir o triunfo, colocando um ponto final noutro registo que se eternizava já há 33 anos. 16 jogos depois, os “encarnados” voltaram a derrotar uma equipa espanhola, o que já não conseguiam desde Setembro de 1982. Isto sim, é uma barreira psicológica. 

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