Líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto demite-se
Miguel Corte Real foi um dos subscritores do comunicado contra a escolha de Rui Moreira para integrar as listas do PSD às eleições europeias de Junho.
O presidente da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Miguel Corte Real, apresentou o seu pedido de demissão do cargo nesta quarta-feira à noite, numa reunião da bancada social-democrata que o próprio convocou expressamente para anunciar a sua decisão, que já era esperada no partido.
Ao que o PÚBLICO apurou, o conselheiro nacional do PSD, Manuel Monteiro, que é deputado municipal há mais de três décadas, já informou o partido que vai protagonizar uma candidatura à liderança da bancada municipal. Por seu lado, o presidente da comissão política concelhia do Porto do PSD, Alberto Machado, já convocou eleições para a próxima terça-feira à noite, para que os deputados sociais-democratas possam escolher o novo líder da bancada.
Perante os deputados, Corte Real justificou a sua demissão com o argumento de que já estava há dois anos e meio na liderança do grupo municipal quando o regulamento da bancada municipal do PSD estipula apenas dois anos. Mas há dúvidas sobre se essa é mesmo a razão de fundo que ditou a sua saída.
Miguel Corte Real, que o PÚBLICO contactou sem sucesso para o confrontar com os motivos que o levaram a deixar a presidência da bancada, é um dos subscritores do comunicado contra a escolha do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, para integrar as listas do PSD às eleições europeias.
“Como é óbvio, confrontados com os actuais rumores, cada vez mais certos, de que o actual edil do Porto venha a ser cabeça de lista, indicado pelo PSD, às próximas eleições europeias, queremos deixar claro publicamente que nos demarcamos desta opção, pois consideramos ser uma traição aos portuenses, aos militantes, simpatizantes e autarcas eleitos pelo PSD, que não temos dúvidas deixará marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”, diz o comunicado, tornado público no dia 21 de Abril, que Corte Real subscreveu.
“Nas últimas eleições autárquicas de 2021, o PSD apresentou uma candidatura renovada e com um projecto ambicioso para a cidade do Porto. Nessas eleições em que Rui Moreira assumiu o compromisso de cumprir o seu mandato até ao fim, o PSD cresceu eleitoralmente, com mais portuenses a votar em nós, implicando que o PSD tenha tido a sua votação reforçada e o Rui Moreira tenha perdido a maioria”, sublinha o comunicado, subscrito por 20 pessoas, entre os quais Vladimiro Feliz, que liderou a lista do PSD à Câmara do Porto nas últimas autárquicas.
O deputado municipal social-democrata, que esteve muito envolvido nas recentes eleições para a presidência do FC Porto, apoiando a recandidatura de Pinto da Costa, vinha dando sinais de algum distanciamento do partido, assumindo posições que foram mal recebidas pelo PSD e também pelo movimento independente de Rui Moreira.
Em Dezembro do ano passado, também Vladimiro Feliz, vereador do PSD na Câmara do Porto, anunciou que iria suspender o mandato pelo período de um ano por incompatibilidades com a sua vida profissional. Durante a campanha para as eleições autárquicas, em 2021, o social-democrata comprometeu-se a fazer um balanço da sua actividade caso viesse a desempenhar funções. Volvidos dois anos, no seguimento desse balanço e após assumir a função de vereador sem pelouro, Feliz decidiu afastar-se e suspender o mandato.
Vladimiro Feliz e Miguel Corte Real estiveram nas negociações com o movimento independente de Rui Moreira, com vista a um acordo de estabilidade e governação com o PSD que permitisse ao presidente da Câmara do Porto governar a cidade, uma vez que não tinha tido maioria.