Um melro-azul está a fazer as delícias dos amantes de aves nos EUA

Fotógrafo amador captou a espécie na costa Oeste dos Estados Unidos, onde não há registo validado da sua presença. O mistério é como terá ali chegado.

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Um melro azul na costa do Oregon, nos EUA Michael Sanchez
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Avistar um melro-azul (Monticola solitarius) por cá não é propriamente uma raridade, mas também não é fácil. São, geralmente, solitários e embora se distribuam de norte a sul do país (é, contudo, praticamente inexistente no Litoral Norte), tendem a andar por fragas ou rochas, sendo os seus avistamentos, muitas vezes, feitos à distância. A espécie, presente em praticamente todo o Sul da Europa, em alguns locais do Norte de África e em grande parte dos países asiáticos, é inexistente nos Estados Unidos da América, pelo que o que parece ser uma fotografia de um destes pássaros na costa do Oregon está a deixar os amantes de aves norte-americanos em pulgas.

A história está contada nas páginas desta terça-feira do jornal britânico The Guardian e envolve um músico e regente de uma banda musical escolar que, recentemente, passou a dedicar-se à fotografia como passatempo. Longe de ser um amante de aves, Michael Sanchez estava a preparar a sua nova máquina fotográfica junto a uma queda de água no estado norte-americano do Oregon, na costa Oeste do país, ao nascer do dia, quando se apercebeu de uma pequena ave a saltitar por ali. O diário refere que ele tirou algumas fotografias do pássaro e não pensou mais no assunto, até ter percebido, cerca de uma semana depois, que se tornara uma estrela entre a comunidade local de amantes de aves.

É que Sanchez pode ter captado a imagem de um melro-azul, cuja presença em território norte-americano é extremamente rara. Aliás, segundo o The Guardian, o único avistamento registado na região acontecera já em 1997, e acabaria por não ser validado. E, por enquanto, os grupos regionais e nacionais de amantes de aves, que se entusiasmaram com as fotografias do músico e acorreram à zona onde elas foram feitas, em busca da pequena ave, também não conseguiram confirmar a sua presença. Resta a dúvida sobre se um avistamento comunicado quatro dias depois de Sanchez ter tirado as fotografias, na zona de São Francisco, poderá ser da mesma ave. Desta vez, não houve fotografia.

O entusiasmo dos amantes de aves da região começou quando Michael Sanchez decidiu partilhar as fotografias da ave que fotografara nas redes sociais. Mesmo não sendo um interessado por aves, não deixou de reconhecer que aquele pássaro azul de peito castanho era diferente de tudo o que já alguma vez vira, e pensou que seria um bom motivo para partilhar as fotografias. “Fiquei muito, muito surpreendido por ver como isto mexeu com as pessoas”, disse, citado pelo jornal britânico. “É alucinante.”

O grande mistério que persiste é como é que o pequeno melro-azul terá ido ali parar, a confirmar-se a sua presença. O responsável regional de duas associações ligadas ao avistamento de aves, Brodie Cass Talbott, arriscou algumas hipóteses: “Talvez este pássaro individualmente tenha um problema de navegação”, disse. Pode ter-se perdido e ter sido apanhado por uma forte massa de ar ou ter apanhado boleia de um navio.

Certo é que está a fazer as delícias dos amantes de aves locais, que, quando têm sido surpreendidos com a presença de aves muito raras, são geralmente casos de aves marinhas e avistadas muito ao largo da costa. “Isto é parte da razão pela qual este tem sido uma história tão importante aqui e para a pessoas estarem tão entusiasmadas”, referiu Talbott, citado pelo The Guardian.

Para Michael Sanchez, a fama actual causada por uma pequena ave fê-lo “abrir os olhos” para as possibilidades que a natureza tem para oferecer a cada passo. Nesta altura, brinca, também ele já se confessa “um observador de pássaros”. E da próxima vez que sair com a máquina fotográfica é bem provável que ande mais atento às pequenas criaturas

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