Morreu Alerta, cão dos bombeiros e da cidade de Lisboa

A “mascote” dos Bombeiros Voluntários Lisbonenses costumava ser avistada na zona do Marquês de Pombal. Morreu vítima de um atropelamento e fuga.

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"Alerta" era o cão dos Bombeiros Voluntários de Lisboa e era acarinhado pela população DR
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O Alerta era uma alegria, provavelmente o último cão livre do centro de Lisboa. Sucumbiu à sua liberdade, tendo morrido vítima de um atropelamento e fuga, depois de anos a surpreender residentes e turistas, nuns a provocar sorrisos por o conhecerem, noutros um sobressalto ou outro pelo desconhecimento e por o verem a deambular pelo seu território.

Chamaram-lhe Alerta em 2012, quando apareceu pela primeira vez no quartel dos Bombeiros Voluntários Lisbonenses. Andava à solta por Lisboa, mas não se afastava muito da "casa" onde vivia. "Dávamos-lhe comida, água, e tinha uma caminha aqui ao pé do meu lugar", contou ao P3 o bombeiro António Silva.

Era o cão dos bombeiros, com quartel a dois passos do Marquês de Pombal, um grande cão amarelo que passava o tempo entre a sua casa e a dar voltas pelo bairro, na freguesia de Santo António. Ele sabia muito bem como sobreviver por aqui, como cruzar as ruas e passadeiras, esquivar-se a carros, até a pessoas, que não era muito dado a que desconhecidos lhe viessem fazer festas sem cerimónias.

Mas era sempre com algum receio que se via o Alerta, com o seu lenço ao pescoço, a serpentear pelas ruas e pelo trânsito. Sendo a zona que é, passagem de milhares e milhares de veículos, alguns a confundirem ruas de bairro com auto-estradas, pondo em perigo moradores tanto de duas como de quatro patas, temia-se que um dia a liberdade do Alerta colidisse com a velocidade excessiva ou descuido de um qualquer condutor. Aconteceu agora, tinha ele 12 anos.

Na quarta-feira de manhã, 3 de Abril, informam os Bombeiros Voluntários Lisbonenses, "o nosso Amigo Canino Alerta foi vítima de atropelamento com fuga" na Avenida do Duque de Loulé, a poucos metros do quartel, localizado na Rua de Camilo Castelo Branco. António Silva foi quem deu pelo acidente e decidiu ligar à organização IRA — Intervenção e Resgate Animal, que tratou de ir buscar o corpo do cão para o levar para um crematório.

Ao longo dos anos, o Alerta deixou de ser apenas o cão dos bombeiros para se tornar também um símbolo da zona do Marquês de Pombal. Nos comentários nas redes sociais, dezenas de habitantes de Lisboa afirmam ter por hábito avistar o cão e interagir com ele. "Havia muitas pessoas que gostavam dele", conta o bombeiro. "Costumava ir dar as suas voltas e havia algumas pessoas de quem gostava muito", acrescenta.

Um dos favoritos era o "senhor que trabalhava no quiosque" ao lado do quartel, que o Alerta costumava visitar todos os dias nos seus passeios. "O senhor teve um AVC e o quiosque esteve fechado durante algum tempo", explica António Silva. Durante o tempo em que o estabelecimento esteve encerrado, "todos os dias o Alerta ia lá ver se o amigo dele já tinha voltado".

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