Juiz norte-americano ordena entrega da informação sobre pedido de visto de Harry

O processo de entrada nos EUA do duque de Sussex está a ser questionado por um grupo conservador, que exige saber se o príncipe mentiu à chegada do país ou se lhe foi dado tratamento diferenciado.

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No livro Na Sombra, assim como em várias entrevistas televisivas, Harry admitiu ter consumido cocaína, marijuana e cogumelos mágicos Reuters/Toby Melville
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Um juiz de Washington emitiu uma ordem para que o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla original) apresente em tribunal o processo de pedido de visto do príncipe Harry, com o qual o filho mais novo do rei Carlos III passou a residir nos EUA há quatro anos.

A ordem surge depois de um grupo de reflexão conservador ter questionado se o príncipe mentiu afirmando nunca ter consumido drogas (o contrário poderia ser um entrave ao deferimento do visto) ou se recebeu um tratamento diferenciado por causa da sua ligação à realeza britânica – em ambos os casos, poder-se-á estar perante um crime.

A Heritage Foundation (HF) iniciou este processo depois de o livro de memórias de Harry ter sido publicado. Em Na Sombra, que chegou às livrarias em Janeiro do ano passado, o inglês descreve vários episódios em que consumiu drogas, desde a regular marijuana até à cocaína em festas. Em Fevereiro, a defesa da DHS sugeriu que o príncipe poderá ter mentido quando escreveu as suas memórias: “Um livro não é um testemunho juramentado ou uma prova”, disse John Bardo, observando que o facto de o príncipe ter escrito nas suas memórias que consumiu drogas não significa que de facto o fez, já que esses dados poderiam ter sido colocados na narrativa com o objectivo de “vender livros”. “Dizer algo num livro não significa necessariamente que seja verdade”, observou, citado pelo The Telegraph.

Os tribunais norte-americanos costumam considerar que o visto ou o estatuto de imigração de um indivíduo constitui informação privada. Mas o juiz Carl Nichols decidiu abrir uma excepção e emitiu a ordem nesta quinta-feira, intimando o DHS a fornecer-lhe, até 21 de Março, informações sobre os documentos que deram a Harry acesso a residir nos EUA, que irá analisar “à porta fechada”, cita a Newsweek.

Há um ano, a HF, com influência significativa nas políticas públicas americanas, confirmou ao PÚBLICO a existência de um pedido (versão original, em pdf) para que o visto do príncipe Harry fosse divulgado, questionando se o britânico mentiu no formulário sobre o consumo de estupefacientes, que, entretanto, admitiu no seu livro de memórias.

No livro Na Sombra, que só na primeira semana vendeu 3,2 milhões de exemplares em todo o mundo, assim como em várias entrevistas televisivas, o filho mais novo de Carlos e Diana admitiu ter consumido cocaína, marijuana e cogumelos mágicos. De acordo com a HF, um historial de consumo de drogas é habitualmente motivo para a recusa de um visto nos EUA, sendo que a lei de imigração dos EUA prevê duras penas para quem é apanhado a mentir na sua candidatura a um visto, que pode ir desde a recusa da cidadania até à deportação imediata.

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