Passos afirma que António Costa se demitiu “por indecente e má figura”

Para o ex-primeiro-ministro do PSD, o país precisa de um Governo que tenha “autoridade moral, para uma política diferente”. À tarde, Sócrates defendeu Costa: “Estamos para ver quem fez má figura”.

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Pedro Passos Coelho Rui Gaudencio
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Passos Coelho à chegada ao Campus de Justiça Rui Gaudencio
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Manuel Pinho à chegada ao Campus de Justiça Rui Gaudencio
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Pedro Passos Coelho fala aos jornalistas Rui Gaudencio
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Durão Barroso em declarações aos jornalistas Rui Gaudencio
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Manuel Pinho Rui Gaudencio
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Pedro Passos Coelho comentou esta terça-feira a demissão de António Costa, na sequência do processo Operação Influencer, e declarou que o actual primeiro-ministro “apresentou a sua demissão por indecente e má figura”, pedindo uma mudança política nas eleições legislativas de 10 de Março.

“Espero que o país saiba identificar no actual Governo que está a cessar funções responsabilidades graves na situação a que o país chegou. Suficientemente graves para que o primeiro-ministro tenha sido o único que eu tenho memória que se tenha sentido na necessidade de apresentar a demissão por indecente e má figura”, afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas, à entrada do tribunal, onde vai prestar depoimento como testemunha no julgamento do Caso EDP.

O ex-primeiro-ministro foi notificado na tarde de segunda-feira e por WhatsApp para testemunhar no julgamento de Manuel Pinho, cuja sessão está a decorrer e no âmbito do qual são ouvidos outros ex-chefes de governo, José Sócrates e Durão Barroso.

Declarando que não sabia por que seria importante o seu depoimento, o antigo presidente do PSD disse que não deseja ter intervenção no espaço político e prometeu não voltar a fazer declarações políticas, mas aproveitou a circunstância para desejar que a situação de Portugal possa melhorar, observando que as coisas “não melhorarão sem dedicação, esforço e algumas condições para que isso possa ocorrer”.

Afastando-se de qualquer protagonismo, dizendo que este não é o seu tempo para intervir no espaço político, manifestou a expectativa de que o PSD possa estar preparado e seja “liderante nesta fase nova”. “Cada um tem o seu tempo e este tempo não me pertence. E, portanto, devemos deixar o espaço a quem pertence o tempo para fazer aquilo que é preciso. O que eu posso formular é um desejo muito sincero de que o PSD possa estar preparado para os tempos que aí vêm”, disse.

Sublinhando que será necessário um Governo “que possa inspirar confiança às pessoas”, Passos Coelho disse acreditar numa vitória social-democrata nas eleições de 10 de Março: “Espero evidentemente que o PSD possa ser o partido liderante nessa fase nova que se vai abrir, não porque é o meu partido — acho que todos compreenderiam que eu desejasse que o meu partido pudesse ganhar as eleições — mas sobretudo porque espero que o país saiba identificar no actual Governo que está a cessar funções responsabilidades graves na situação a que o país chegou”.

“Muitas das políticas públicas degradaram-se extraordinariamente nestes anos, da saúde à educação, as questões relacionadas com a habitação” e “até à segurança”, porque “há aspectos muito relevantes que envolvem a segurança da sociedade portuguesa e dos portugueses que estão em causa”, sustentou.

Para o antigo primeiro-ministro, “o país vai precisar seguramente de um Governo esclarecido que tenha não apenas um rumo bem definido, mas que tenha força, que é como quem diz autoridade moral, para conduzir uma política diferente”​, e que “possa inspirar confiança às pessoas para inverter uma degradação extraordinária de uma parte muito significativa das políticas públicas que são importantes para o crescimento da nossa economia”.

Sobre as questões de governabilidade e alianças com outros partidos, Passos Coelho não quis estender-se: “Isso vai depender, evidentemente, daquilo que são as estratégias que os partidos vierem a definir e das condições que os portugueses ofereçam aos partidos que terão a responsabilidade de governar”, disse. Perante a insistência dos jornalistas sobre eventuais acordos com o Chega, Passos Coelho afirmou: “Não me compete a mim fazer declarações sobre esse tema.”

Mas deixou avisos aos dois principais partidos: “Eu espero que ambos tenham uma aguda consciência da importância dos tempos que aí vêm, e que seja possível fazer um Governo, como eu disse, que tenha autoridade moral, que tenha força, e a força só pode ser dada pelas pessoas, pelos eleitores, não pode ser dada por mais ninguém, para que se faça aquilo que é necessário fazer.”

Sócrates defende Costa

Quando, ao início da tarde, chegou ao tribunal para prestar declarações como testemunha, o antigo primeiro-ministro José Sócrates não quis deixar Passos Coelho sem resposta e saiu em defesa de António Costa. O socialista considerou as palavras do antigo líder do PSD um “ataque político disfarçado de reflexão”.

“Poupe-me, por favor, ao ataque político disfarçado de reflexão. Isso não tem nada a ver com análise, isso trata-se de um ataque político”, afirmou Sócrates.

O antigo líder do PS também aproveitou para deixar uma farpa às autoridades judiciais: “Estamos para ver quem fez má figura, se foi o primeiro-ministro, se foi o Ministério Público ou se foi a oposição. Mas daqui a uns meses saberemos...” Com Leonete Botelho

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