Annus horribilis” na Agricultura

A inação da ministra é confrangedora. Todos os dias há agricultores, mesmo na área do PS, que me questionam quando será extinto o Ministério da Agricultura.

Desde Jaime Silva, ex-ministro da Agricultura, nunca houve em Portugal um tão grande distanciamento entre o país agrícola e o Ministério da Agricultura, como agora acontece no consulado da ministra Maria do Céu Antunes. 2022 foi mesmo o "annus horribilis" da atual ministra da Agricultura.

Passemos aos factos:

a) Em Agosto de 2022, numa visita a unidade de produção de citrinos em Portimão, quando questionada sobre as críticas da CAP (Confederação dos Agricultores Portugueses) relativas à ausência de ação do Governo para fazer face aos prejuízos da seca, insinuou que tal se devia ao facto de a própria CAP ter aconselhado a não votar PS;

b) Os parcos apoios dados aos agricultores por causa da seca, comparados com os apoios recebidos pelos agricultores espanhóis, dificultou o acesso aos mercados externos por parte das empresas agroalimentares portuguesas;

c) A 15 de novembro de 2022, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, anuncia que as direções regionais de Agricultura e Pescas serão extintas até março de 2024, colocando o mundo agrícola em polvorosa. Só 11 dias depois é que a ministra da Agricultura se pronuncia, desmentindo a sua colega de Governo. Quem fala verdade?;

d) A gestão dos fundos financeiros do PEPAC (Plano Estratégico da Política Agrícola Comum), entre 2023 e 2027, é retirada ao Ministério da Agricultura, o que não acontece na União Europeia, e demonstra a fraca força política da ministra Maria do Céu Antunes;

e) Candidaturas de municípios para regadios públicos estão paradas há anos no ministério, porque a ministra não enceta negociação com os bancos europeus para acordar o prazo temporal dos financiamentos. O ano de 2023 parece também não começar da melhor maneira para a ministra da Agricultura. A sua secretária de Estado Carla Alves demitiu-se 25 horas depois de tomar posse, devido a contas bancárias arrestadas e dinheiro recebido e não declarado às Finanças. Uma situação que deixou em maus lençóis a ministra da Agricultura que, segundo o PÚBLICO, sabia da situação judicial da secretária de Estado.

A somar a todas estas trapalhadas, continua muito lenta a tramitação burocrática das candidaturas a apoios comunitários junto do Ministério da Agricultura, com as graves consequências que se perspetivam para os agricultores e para a economia nacional.

A inação da ministra é confrangedora. Todos os dias há agricultores, mesmo na área do PS, que me questionam quando será extinto o Ministério da Agricultura. Este não é o primeiro processo de lenta desagregação política do Ministério da Agricultura a que assisto. No caso da atual ministra da Agricultura, só vejo duas soluções: ou sai pelo seu pé a curto prazo, ou, nos próximos meses, o estado da agricultura levará António Costa a demiti-la!

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