Egipto prepara-se para intervir militarmente na Líbia

Presidente Abdel-Fattah al-Sissi esteve reunido com líderes tribais leais ao marechal Khalifa Haftar e garantiu que o seu país está preparado para proteger a soberania da Líbia.

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Presidente egípcio já tinha admitido intervir na Líbia em Junho Reuters/YIANNIS KOURTOGLOU

O Presidente egípcio, Abdel-Fattah al-Sissi, afirmou esta quinta-feira que o Egipto não ficará parado perante uma ameaça à sua segurança nacional e da vizinha Líbia, e prepara-se para entrar na guerra civil.

Sissi garantiu que não avançará sem pedir autorização ao Parlamento - mas este é controlado pelos seus apoiantes.

O encontro do Presidente egípcio com os líderes tribais líbios aliados ao marechal Khalifa Haftar, que viajaram até ao Cairo, foi transmitido pela televisão egípcia, diz a Reuters. Os líbios deram autorização a Sissi para que o Exército egípcio intervenha para “proteger a soberania da Líbia”. Haftar perdeu terreno desde que a Turquia entrou no conflito, em apoio ao Governo de Trípoli — que continua a ser reconhecido como legítimo pela comunidade internacional.

Na terça-feira, os líderes tribais líbios já tinham apelado à intervenção do Egipto para conter a ofensiva apoiada pela Turquia, que já obrigou o Exército Nacional Líbio de Haftar a abandonar a sua posição às portas de Trípoli.

Em Junho, Sissi admitiu interferir no conflito para proteger a sua fronteira a ocidente e trazer estabilidade à Líbia. Analistas militares egípcios dizem que o Presidente egípcio conversou esta semana ao telefone com o Presidente francês Emmanuel Macron, que tem sido um aliado na retaguarda de Haftar. 

Desde a queda de Muammar Khadafi, em 2011, durante as Primaveras Árabes, que a Líbia está embrenhada no caos, numa guerra sem fim, em que as facções se multiplicam. O poder é disputado pelo Governo de Acordo Nacional líbio, sediado em Trípoli e liderado por Fayez al-Sarraj, apoiado pela Turquia, que passou a intervir directamente no conflito enviando mercenários sírios e também equipamento e conselheiros militares. Mas também pelo Qatar, e indirectamente por Itália, que se preocupa muito em reduzir o mais possível a chegadas de imigrantes que cruzam o deserto e têm na travessia do Mediterrâneo o último obstáculo para chegar à Europa. Por isso, Roma dá formação à guarda costeira líbia, para que seja a sua muralha de protecção tal como era com Khadafi. 

O marechal Khalifa Haftar conta com o Egipto, os Emirados Árabes Unidos, e tem tido o forte sustentáculo da Rússia e o apoio indirecto de França dividindo a União Europeia. Num contexto cada vez mais internacionalizado, uma escalada do conflito pode levar a um confronto directo das potências estrangeiras que apoiam os dois principais lados em confronto e que não deixam de enviar combatentes e armas, violando descaradamente os embargos de armas decretados pelas Nações Unidas. 

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