Trump diz que conversações com os taliban no Afeganistão “estão mortas”

Morte de um soldado norte-americano numa onda de ataques nas últimas semanas levou ao fim das negociações. Taliban prometem matar mais soldados dos EUA após o anúncio do Presidente Trump.

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Os EUA admitem reforçar as operações no terreno LUSA/GHULAMULLAH HABIBI

O Presidente dos EUA, Donald Trump, declarou a morte das conversações com os líderes dos taliban no Afeganistão, ao mesmo tempo que o general responsável pelas operações militares norte-americanas admitiu um reforço das ofensivas no terreno.

“Estão mortas. Estão mortas. Naquilo que me toca, estão mortas”, disse Trump na Casa Branca, à partida para a Carolina do Norte.

Nos últimos tempos falou-se da possibilidade de o Presidente norte-americano receber os líderes taliban e o Presidente afegão, Ashraf Ghani, em Camp David. O objectivo era finalizar um acordo para a retirada das tropas norte-americanas, que estão no país há 18 anos.

Um acordo inicial, alcançado na semana passada, previa a retirada de 5000 soldados norte-americanos nos próximos meses, em troca de garantias de que o Afeganistão não seria usado como base para o lançamento de ataques contra os EUA e seus aliados.

A retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão tem sido um dos objectivos principais da política externa da Casa Branca, e o Presidente dos EUA disse que essa retirada ainda está em cima da mesa. “Gostaríamos de sair, mas vamos sair na altura certa”, disse Trump.

O fim das conversações provocou receios de um aumento dos ataques em todo o país. No domingo, os taliban prometeram matar mais norte-americanos por causa do fim das negociações.

Os taliban aumentaram a frequências dos ataques enquanto as conversações decorriam, e o general Kenneth McKenzie, o responsável pelo Comando Central dos EUA, disse na segunda-feira que as forças norte-americanas podem acelerar as suas operações no terreno.

Durante uma visita ao Afeganistão, McKenzie disse que os taliban “exageraram” a jogar os seus trunfos nas negociações de paz, lançando uma série de ataques que culminaram com a morte de um soldado norte-americano.

“Não vamos ficar de braços cruzados enquanto eles se lançam numa auto-intitulada corrida para a vitória. Isso não vai acontecer”, disse o general McKenzie a um grupo de repórteres na base de Bagram, no Noroeste do Afeganistão.

O Presidente afegão, que foi afastado para segundo plano durante as negociações entre os EUA e os taliban, não acreditava no sucesso das conversações.

Na segunda-feira, Ashraf Ghani renovou os apelos à paz, mas insistiu que os taliban têm de respeitar um cessar-fogo, o que até agora se recusaram a fazer.

“A paz sem um cessar-fogo é impossível”, disse Ghani.

O aumento da tensão no terreno no Afeganistão soma-se à incerteza sobre o futuro das forças norte-americanas, que estão ao mesmo tempo a lidar com um reforço dos combates e com a possibilidade de receberem ordens de retirada.

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