Twitter enche-se de mensagens de apoio à senadora que os republicanos calaram

Elizabeth Warren foi impedida de criticar o candidato de Trump ao cargo de procurador-geral, entretanto aprovado pelo Congresso, e mulheres de todo o país responderam com uma nova hashtag viral: #shepersisted

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Elizabeth Warrens em declarações à comunicação social depois de ter sido impedida de discursar pela maioria republicana EPA/MICHAEL REYNOLDS

Quando o líder da maioria republicana no Senado norte-americano, Mitch McConnell, impediu que a senadora democrata Elizabeth Warren lesse uma carta escrita pela viúva de Martin Luther King, Coretta Scott King, não imaginou que estava a dar azo a que as redes sociais se enchessem com milhares de mensagens de apoio à representante do Massachusetts.

Na quarta-feira, quando Warren começou a ler a carta de 1986 em que Coretta tece duras críticas à nomeação para o lugar de juiz federal daquele que é hoje o candidato de Donald Trump ao cargo de procurador-geral do Estado, o senador republicano do Alabama Jeff Sessions (entretanto eleito), o líder dos republicanos interrompeu-a e acusou-a de quebrar todas as regras ao afrontar outro senador. 

“Ela foi avisada. Recebeu uma explicação e, mesmo assim, persistiu [na leitura da carta]”, afirmou McConnell, para justificar a votação com que os republicanos conseguiram, depois, impedir que Elizabeth Warren voltasse a tomar a palavra. E foi precisamente o facto de persistir que é agora sublinhado nas redes sociais.

Rapidamente, a hashtag #ShePersisted multiplicou-se pelo Twitter, a par de outra, #LetLizSpeak, enquanto mulheres de todo o país partilhavam fotos das suas heroínas, entre activistas como Harriet Tubman (que lutou pelo fim da escravatura) e Susan B. Anthony (activista dos direitos das mulheres, nomeadamente do direito ao voto), ou mesmo a candidata democrata derrotada por Trump nas presidenciais, Hillary Clinton. Há mesmo já quem se interrogue se estes não serão os novos gritos de ordem de liberais e feministas.

A votação para impedir Warren de falar aconteceu durante um dos debates no Senado sobre a indicação de Sessions para o cargo de procurador-geral do Estado, o equivalente norte-americano do ministro da justiça português. Segundo a agência Efe, na carta escrita há 30 anos, a viúva de Luther King acusa o candidato de ter usado os seus poderes políticos no Alabama “para intimidar e assustar os eleitores negros de idade avançada” e tomar medidas de carácter racista. Ao longo da campanha de Trump, Sessions tornou-se um dos seus conselheiros mais próximos, partilhando com o novo Presidente ideias como a deportação em massa de imigrantes ilegais.

Com a votação dos conservadores, a senadora do Massachusetts não pôde voltar a intervir no debate que antecedeu a confirmação de Sessions, recorrendo ao Twitter para prometer que passará a ter o novo procurador-geral debaixo de olho: "Considerem isto o meu aviso. Não seremos silenciados. Vamos continuar a denunciar. E persistiremos".

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