Substâncias à base de Ópio podem reduzir incidência de sida entre os toxicodependentes

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A incidência de HIV entre os consumidores de droga injectada parece ter estabilizado durante este ano Miguel Madeira

Os tratamentos de substituição opiácea são uma "medida-chave" para a redução da transmissão do HIV e das doenças infecto-contagiosas entre a população toxicodependente, considerou hoje o director do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT).

Num relatório divulgado por ocasião do Dia Mundial da Sida, que se assinala na próxima amanhã, George Estievenart afirma que existe um "substancial consenso" nos países da União Europeia (UE) sobre os benefícios dos tratamentos de substituição opiácea e acentua que este tipo de terapia pode trazer melhorias ao nível psicológico e social e contribui para a redução da pequena criminalidade relacionada com o consumo.Os produtos de substituição e de tratamento mais comuns na UE para os toxicodependentes são a metadona, o LAAM e a buprenorfina. E existem dois tipos de substâncias e de abordagem do tratamento: a forma agonista (activa os receptores de opiáceos no cérebro, desencadeando o efeito do consumo de droga) ou agonista-antagonista (que, simultaneamente, activam os receptores opiáceos no cérebro e limitam ou eliminam os efeitos de outros opiáceos ou opióides consumidos).
Na maior parte dos países em que o tratamento de substituição foi adoptado verificou-se, na segunda metade da década de 90, uma estabilização do número de novos casos de HIV entre os utilizadores de drogas injectáveis, adiantou ainda Estievenart, sublinhando que o uso desta terapia de substituição tem vindo a expandir-se desde os anos 60 e sobretudo nos últimos cinco anos.
O Relatório Anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na UE de 2000, do OEDT, apresentado em Outubro, refere que, de um modo geral, as tendências da incidência de HIV entre os consumidores de droga injectada parecem relativamente estáveis, embora haja casos de aumento do número de infecções. De acordo com o documento, Portugal é o segundo país da UE com maior número de infectados com sida entre os consumidores de droga por via intravenosa, atingindo os 27 por cento, enquanto a Espanha encabeça a lista, com 32 por cento.
Um relatório da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS), com dados referentes a 20 de Setembro deste ano revela que os toxicodependentes correspondiam a 48,9 por cento do total de casos de sida notificados em Portugal, enquanto a transmissão heterossexual representava 26,8 por cento e a transmissão homo e bissexual 17,1 por cento.
Na maior parte dos países em que o tratamento de substituição foi adoptado verificou-se, na segunda metade da década de 90, uma estabilização do número de novos casos de HIV entre os utilizadores de drogas injectáveis, adianta o director da agência europeia com sede em Lisboa, sublinhando que o uso desta terapia de substituição tem vindo a expandir-se desde os anos 60 e sobretudo nos últimos cinco anos.

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