Sócrates diz sentir “desprezo” por livro que Cavaco escreveu com “ressentimento”

Antigo primeiro-ministro publicou artigo de opinião no Diário de Notícias e na TSF em que ataca o livro do ex-Presidente, considerando-o um ajuste de contas.

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José Sócrates num encontro com Cavaco Silva, em Outubro de 2009 Reuters/JOSE MANUEL RIBEIRO

José Sócrates respondeu ao livro publicado por Cavaco Silva,no qual o ex-Presidente da República descreve os encontros com o antigo primeiro-ministro socialista. Sócrates considera-o um “auto-retrato perfeito das consequências que o ressentimento pode ter carácter de um político”, defende-se num artigo publicado no Diário de Notícias (DN) e na TSF.

 No artigo publicado nesta sexta-feira à noite, o antigo primeiro-ministro considera que as afirmações, revelações e comentários feitos por Cavaco Silva ultrapassam o que tem sido o funcionamento institucional em Portugal. Sócrates começa por dizer que “nunca um Presidente ou primeiro-ministro relatou as conversas tidas entre ambos enquanto exerceram funções”, garantindo que nunca lhe ocorreu “seguir caminho tão indigno”.

“Ponho de lado as vulgares opiniões políticas expressas no livro pelo autor, que, aliás, sempre me enfastiaram. Ponho igualmente de lado outras conversas, na sua maioria distorcidas e falsas, que não passam de vulgar exercício de mesquinhez disfarçado de relato histórico”, acusa ainda Sócrates, acrescentando, no entanto, que não pode “pôr de lado, pela sua importância e pelo que tem de paradigmático, o inacreditável relato que faz do chamado ‘episódio das escutas’, sem outro propósito que não seja o de distorcer e falsear a verdade histórica”. Sobre a reunião em que Sócrates falou com Cavaco sobre o tema das escutas, o ex-primeiro-ministro diz ter exprimido “ao então Presidente o [seu] protesto por não ter visto desmentida uma grave acusação de escutas que o [seu] gabinete teria feito ao Palácio de Belém e que o Presidente sabia ser falsa”. Ao pedido, Cavaco terá respondido que não iria interromper as férias para responder aos deputados do PS, recorda José Sócrates.

“Por mais desprezo que sinta – e sinto – por tal estilo e por tal literatura, não posso consentir que tal deturpação da verdade fique sem resposta”, justifica.

Ao terminar o artigo, Sócrates remata: “O livro não é uma prestação de contas, mas um ajuste de contas”.

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