PSD e CDS ainda têm esperança que Cavaco recuse dar posse a governo de Costa

Pedro Pinto, vice-presidente do PSD, diz que acordo entre as esquerdas é “muito limitado para que Presidente da República possa dar posse”.

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Pedro Pinto, vice-presidente do PSD, com Passos Coelho Bruno Simões Castanheira/Arquivo

Os partidos da coligação Portugal à Frente (PaF) ainda têm esperança que o Presidente da República recuse dar posse a um governo de esquerda liderado pelo PS de António Costa. Esta foi a conclusão principal do encontro distrital de militantes com dirigentes de PSD e CDS-PP, que se realizou na noite desta quarta-feira em Setúbal.

"A alternativa ao Governo PSD/CDS, que está em cima da mesa, não é sustentável. É um acordo muito limitado para que Presidente da República possa dar posse a um governo, tendo em atenção os pressupostos que o Presidente da República tinha apresentado.”, defendeu Pedro Pinto, vice-presidente do PSD, que falou perante uma sala cheia.

O deputado e dirigente social-democrata afirma que “o entendimento PS, CDU e BE não tem o mínimo cimento, não tem coerência, são três papéis que de acordo não têm rigorosamente nada”.

Na mesma linha, Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP) defende que o PS não apresenta uma maioria mais estável do que a maioria de direita.

"Ao contrário do que tem sido dito pelo secretário-geral do PS, não estamos perante um governo maioritário de esquerda, nem de uma maioria parlamentar, que suplante a maioria relativa da coligação PaF, mas sim de um governo minoritário de um partido que perdeu as eleições”, disse o secretário de Estado do Turismo e dirigente centrista.

Mesquita Nunes conclui que “PCP e BE não se comprometem nem com o governo, nem com uma maioria parlamentar, portanto não há maioria."

Já Bruno Vitorino, deputado e líder distrital de Setúbal do PSD, vai um pouco mais longe quanto ao que o partido espera de Cavaco Silva, sustentando que o Presidente da República terá pouca margem para viabilizar um governo de António Costa.

"O Presidente da República está numa posição difícil para dar posse a este governo de esquerda. A Constituição da República é clara nos poderes do Presidente da República e há outras três opções; um governo de gestão, um governo de iniciativa presidencial ou um outro governo de esquerda, com outro acordo que não este, que não é de um governo estável.”, diz Bruno Vitorino.

O deputado social-democrata afirma que “o que existe à esquerda é um não governo” e acusa António Costa de ser “um homem de truques, de golpadas, que gerou uma geringonça, apresentada como uma solução sustentável de esquerda”.

Num discurso repleto de ironia, Bruno Vitorino estabeleceu uma comparação entre Costa e Passos Coelho: “Entre nós alguém dizia ‘que se lixem as eleições’, António Costa diz ‘que se lixe o país’."

Quanto ao futuro da coligação PSD/CDS-PP, a ideia ouvida em Setúbal é de que os partidos devem continuar aliados. “Temos de estar unidos”, defendeu o líder distrital laranja, acrescentando que os dois partidos, e os seus militantes, devem reagir e ir à “luta de rua”.

“Não podemos ter medo de ir para a rua. A rua não é património dos profissionais do protesto, dos que são pagos com os nossos impostos para andarem em manifestações. A luta de rua também tem que ser uma luta nossa. Aqui em Setúbal não temos medo”, atirou Bruno Vitorino.

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