Líderes europeus do centro-direita apelam à união em Espanha

A dois meses das eleições legislativas em Espanha, políticos de direita europeus demonstram o seu apoio ao executivo de Mariano Rajoy. O PP espanhol inspira-se na coligação liderada por Passos Coelho para vencer a eleição de 20 de Dezembro.

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Passos Coelho e Mariano Rajoy: o PPE reúne-se em Madrid atento à situação política nos dois países PIERRE-PHILIPPE MARCOU

A chanceler alemã Angela Merkel, o ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy, bem como o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, são apenas alguns dos nomes que se reúnem esta quarta e quinta-feira em Madrid para expressar o seu apoio ao governo espanhol e apelar à união num país dividido politicamente.

São vários os desafios que preenchem a agenda politica espanhola, nomeadamente a independência da Catalunha, bem como o alargamento de movimentos populistas. A dois meses das próximas legislativas, o Partido Popular Europeu (PPE) reúne-se exactamente em Madrid para demonstrar ao governo de direita liderado por Mariano Rajoy de que o apoiam nesta fase que se prevê levantar ainda mais incerteza política.

Espanha caminha para eleições legislativas e tudo indica que, na manhã de 21 de Dezembro, Madrid irá acordar para um parlamento fragmentado, onde nenhum dos partidos que até hoje tem dominado a política espanhola chegará perto de uma maioria absoluta.

De acordo com uma sondagem publicada na semana passada pelo El Pais, o Partido Popular, que benefica neste momento de maioria parlamentar, deverá apenas obter 23,4% dos votos - estando par a par com os seus opositores directos, os socialistas do PSOE, que obtiveram na mesma sondagem 23,5% de votos. O que estes dados revelam é que, independentemente de quem vencer a eleição, terá que contar com o apoio de um dos novos partidos - ou dos liberais Ciudadanos ou dos radicais de esquerda Podemos.

Apesar de terem chegado à politica espanhola recentemente, a vontade destes em romper com o sistema tradicional de dois partidos parece estar a dar frutos. Ciudadanos, o partido liderado por Albert Rivera, é a terceira força politica, atingindo 21,5% de votos nessa sondagem - acima dos  14,1% obtidos pelo partido de Pablo Iglesias, o Podemos. Assim, tanto um como o outro serão fundamentais para o futuro governo espanhol.

Portugal na mira
O eurodeputado português Paulo Rangel concorda que o cenário de uma solução maioritária em Espanha será dificil, mas adiantou que a vitória de Passos Coelho está a ser "cuidadosamente acompanhada" pelo partido homólogo espanhol.

"Eles acham que há alguma ligação, eles acham que o Partido Popular pode beneficiar muito da vitória da coligação" PSD/CDS, disse Rangel ao PÚBLICO.

O cenário de negociações que se adivinha para Espanha já está a decorrer em Portugal e são mais as semelhanças do que diferenças entre os dois casos políticos. O presidente da República Anibal Cavaco Silva prosegue por estes dias audiências com os partidos com assento parlamentar, para tentar chegar a uma solução governativa estável - algo que parece ser especialmente complicado depois da coligação de direita e o partido socialista não terem chegado a acordo.

Quer Portugal, quer Espanha têm percorrido um caminho de austeridade desde a crise financeira, num período em que ambos os países eram liderados por governos de direita maioritários. Todas as instituições financeiras internacionais aplaudem os esforços de ambos e fazem deles exemplo de como a austeridade pode levar ao crescimento económico. No entanto, o eleitorado parece mais reticente em relação às políticas seguidas e forçam a direita e a esquerda a negociar.

"Espero que esta instabilidade política não venha gerar uma nova onde de cepticismo em relação à economia destes países," alertou o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Em conversa com o PÚBLICO, Barroso adiantou que Portugal "não deve brincar com o fogo" e assumir que se atingiu o ponto de irreversibilidade.

Também o eurodeputado Paulo Rangel se mostrou preocupado em relação ao impacto económico que a instabilidade portuguesa pode ter. "É muito preocupante. Esta instabilidade pode de facto gerar alguma perturbação nos mercados e até levar à quebra de investimento," disse o social-democrata.

De acordo com as ultimas previsões económicas da Commissão Europeia, Espanha registará um PIB de 2,8% este ano e Portugal crescerá a uma velocidade de 1,6% este ano e 1,8% em 2016.

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