Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA demite-se

Ala mais conservadora do Partido Republicano acusava John Boehner de ser brando com Obama e com os democratas.

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John Boehner Yuri Gripas/Reuters

O presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, John Boehner, anunciou que se vai demitir do cargo e deixar o lugar para que foi eleito no órgão de poder legislativo. Era contestado pela ala mais conversadora do Partido Republicano, que o acusava de falta de agressividade para com o Presidente, Barack Obama, e os adversários democratas.

A demissão de Boehner, 65 anos, titular do terceiro cargo politicamente mais poderoso do país, foi anunciada de surpresa, esta sexta-feira, e reflecte as tensões no seio da maioria republicana, que liderava. Foi entendida como uma cedência aos duros do partido, com os quais manteve uma relação tensa nos cinco anos como Speaker.

“Inicialmente tinha previsto ficar só até ao fim do ano passado, permaneci para garantir a continuidade”, disse, em comunicado. “A contínua agitação que afectou a minha liderança ia provocar danos irreparáveis a esta instituição.”

Kevin McCarthy, 50 anos, da California, número dois da bancada republicana, é considerado provável candidato à sucessão. Leal a Boehner nas suas frequentes disputas com os mais conservadores, adoptou nos últimos meses posições mais do agrado destes.

A partida de Boehner é também a confirmação de que há dois partidos no seio do Partido Republicano. De um lado os republicanos tradicionais, conservadores realistas, maioritários no partido; do outro dezenas de eleitos da vaga anti-Obama do Tea Pary, intransigentes em matéria de redução de despesas públicas, aborto e papel do Estado federal.

Nos últimos dias, a ala mais conservadora dos republicanos ameaçou forçar um novo encerramento do governo federal, um shutdown, se Bohener, eleito representante pelo estado do Ohio, não apoiasse uma lei para limitar o direito ao aborto. 

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