Mais membros do Syriza apresentam demissão

Um quarto dos membros do comité central do partido de Tsipras abandonam o partido. Sondagem dá queda do Syriza nas eleições antecipadas, mas analistas desvalorizam.

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O Syriza, de Alexis Tsipras, perde eleitorado, diz uma sondagem Stoyan Nenov /Reuters

Continuam as saídas no Syriza, com a já esperada cisão também no comité central do partido, onde 53 membros em 201 entregaram a demissão. Muitos eram da chamada Plataforma de Esquerda, a ala mais radical, que se transformou agora num novo partido, chamado Unidade Popular.

Enquanto o líder da Unidade Popular, Panagiotis Lafazanis, usava esta quarta-feira o último dos três dias que a Constituição lhe dá enquanto terceira força parlamentar para tentar formar governo – uma manobra para ganhar o máximo de tempo até à votação –, saiu a primeira sondagem após a sua criação e o anúncio de eleições antecipadas pelo primeiro-ministro demissionário, Alexis Tsipras.

Analistas alertam para o perigo de se dar muita importância às projecções. “É demasiado cedo para ter algo próximo de um quadro da situação”, dizia o analista Nick Malkoutzis publicando as sondagens no Twitter, já que “estas eleições têm mais variáveis do que a maioria de que há memória”.

Ainda assim, e quando a pré-campanha já começou, este primeiro inquérito dá uma descida pronunciada ao Syriza, que contaria com 24% das intenções de voto, 22% à Nova Democracia, o partido que liderou o governo anterior ao de Alexis Tsipras, 6% aos neonazis da Aurora Dourada, 5,5% ao O Rio (To Potami), 4,5% para o Partido Socialista (Pasok), Partido Comunista e Unidade Popular, e 4% aos Gregos Independentes, o partido nacionalista, parceiro minoritário no actual Governo do Syriza.

Entre os factores que ainda não são claros é se a presidente do Parlamento, Zoe Konstantopoulou, formará o seu próprio partido (rumores dizem que com o herói da resistência aos nazis Manolis Glezos) e colaborará com a Unidade Popular, ou se optará por se juntar já ao partido de Lafazanis.

Malkoutzis nota que até hoje este partido está demasiado ligado a uma ideologia e a uma ideia histórica de esquerda (o nome vem do partido do chileno Salvador Allende), não apresentando até agora uma ideia para o eleitorado actual, excepto uma vaga defesa de uma saída do euro.

E apesar de tudo, Alexis Tsipras continua a não ter rivais sérios nos outros partidos.

O Syriza deu o que alguns comentadores consideram ser mais um passo para se tornar um partido comum (o Syriza sempre se apresentou como um raro partido grego não tocado pela corrupção): o vice presidente do Parlamento, Alexis Mitropoulos, está a ser acusado de evasão fiscal. Não é claro o que irá acontecer mas o partido já anunciou que Mitropoulos não fará parte da lista eleitoral.

Em dúvida na lista do Syriza estão ainda personalidades como o ministro da Economia, Euclides Tsakalotos. As legislativas deverão ter lugar a 20 de Setembro.

 
 

   

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