"Pânico" fez fechar escola em Marco de Canaveses durante remoção de placas com amianto

O MEC tem informado que nas escolas sob a sua tutela as placas de fibrocimento só são retiradas durantes as pausas escolares. Os representantes do ministério no Norte consideraram, no entanto, que não havia razão para suspender as aulas. Estas terão de ser repostas nas férias.

Foto
As placas de fibrocimento devem ser removidas nas pausas escolares, tinha indicado o Ministério da Educação Enric Vives-Rubio

O director do Agrupamento de Escolas n.º 1 de Marco de Canaveses, José Teixeira, decidiu encerrar a escola secundária nas tardes desta quinta e sexta-feiras, contra o parecer da Direcção-Geral de Estabelecimentos Escolares (DGESTE), enquanto decorrem as obras de remoção de placas com amianto de um edifício a demolir, na sequência de obras da responsabilidade da Parque Escolar. A decisão foi tomada devido “ao ambiente de pânico que se gerou na escola”, com professores a alegarem que o próprio Ministério da Educação tem defendido que aquele tipo de operação deve ser feito durante as férias escolares, disse o director.

Em declarações ao PÚBLICO, José Teixeira ressalvou que não tem razões para duvidar do que lhe disseram os responsáveis pela Parque Escolar e da própria empresa que está a proceder aos trabalhos, ou seja, que a segurança de professores, funcionários e alunos estava garantida. “Acontece que também compreendo a reacção das pessoas que trabalham ou estudam na escola e que simplesmente não acreditam. O ambiente de desconfiança em relação aos políticos é muito grande”, comentou.

Segundo disse o director do agrupamento, depois de inúmeras tentativas feitas ao longo da manhã de quarta-feira para chegar à fala com o responsável da representação no Norte da DGESTE, “que esteve sempre em reuniões e não atendeu chamadas nem respondeu a mensagens electrónicas”, José Teixeira decidiu suspender as aulas durante a tarde e avisar que seria feito o mesmo nos dois dias seguintes, destinados à remoção das placas.

“Quando finalmente consegui chegar à fala com [o representante da DGESTE], ele disse que poderia tomar as decisões que bem entendesse em relação ao encerramento da escola, desde que assumisse essa responsabilidade, respeitasse o calendário escolar e repusesse as aulas perdidas pelos alunos mais tarde, durante os períodos de pausa lectiva”, relatou o director do agrupamento. “Foi o que fiz, assumi a responsabilidade”, concluiu.

O edifício cujas placas estão a ser retiradas está a uma distância “de cerca de 40 metros” dos locais em que os alunos têm aulas e dos quais está separado por taipais, informou o director, que disse também não se ter apercebido de que “houvesse quaisquer poeiras em resultado das operações de remoção”. Terá contribuído para o susto, disse, o facto de os trabalhadores estarem protegidos com equipamento sofisticado e também a informação, que circulou entre professores, de que noutras escolas o MEC fez as obras durante as férias, precisamente por razões de segurança.

De facto, o MEC tem informado nas escolas sob a sua tutela as obras só são feitas em períodos de pausa lectiva.
As placas de fibrocimento são um dos materiais com amianto que representam menor risco para a saúde. As fibras de amianto estão imobilizadas no cimento e só se libertam se as placas estiverem degradas ou se partirem. O próprio acto de remoção pode, se feito sem as devidas cautelas, causar mais danos, sobretudo aos trabalhadores envolvidos, do que se as placas em bom estado se mantiverem onde estão.

O PÚBLICO aguarda esclarecimentos do MEC sobre este assunto.
 

Notícia corrigida às 17h33 de 31 de Outubro: segundo o director da escola as aulas foram suspensas apenas nas tardes de quinta e sexta-feira. Na versão inicial dizia-se que também não tinha havido aulas na tarde de quarta.

Sugerir correcção
Comentar