O governo catalão interrompeu esta terça-feira a campanha para o referendo do dia 9 de Novembro sobre a independência, de modo a respeitar a legalidade, um dia depois da suspensão da consulta ditada pelo Tribunal Constitucional espanhol.

Mas o porta-voz do governo catalão, Francesc Homs, reafirmou a “determinação” do executivo autonómico em cumprir os compromissos que assumiu perante os cidadãos da Catalunha.

Assumindo a dificuldade em organizar uma votação sem a colaboração das estruturas do poder central, Francesc Homs explicou que “não podemos obrigar os funcionários contra a parede”. O porta-voz do governo catalão referia-se, desta forma, ao risco de que os funcionários públicos que colaborassem com a campanha pudessem vir a ser acusados de um delito de desobediência.

No entanto, a Generalitat não dá por perdida a batalha judicial que trava com Madrid e vai apresentar um processo de impugnação contra a suspensão da consulta para tentar que esta se realize no dia 9 de Novembro. Homs disse esperar que a apreciação dessa impugnação seja realizada da mesma forma “supersónica” com que o Tribunal Constitucional resolveu o recurso do Governo de Mariano Rajoy.

Na segunda-feira, o Tribunal Constitucional aceitou examinar um recurso do governo de Madrid contra a lei e o decreto catalães destinados a organizar um referendo no dia 9 de Novembro sobre a independência da Catalunha, o que determinou a suspensão daquela consulta. Os juízes do TC espanhol têm um prazo de cinco meses para se pronunciarem sobre a legalidade do referendo.

A Catalunha, que não se conformou com a decisão do TC de anular em 2010 partes de um estatuto que a reconhecia como “nação”, trava nos últimos três anos um conflito aberto com o Governo conservador de Mariano Rajoy.

Se a campanha institucional fica suspensa, a mobilização dos catalães vai continuar nas ruas. Já para esta tarde de terça-feira são esperadas manifestações em vários pontos da Catalunha a favor da consulta no dia 9 de Novembro.