O poder já não se conquista nos “palanques”

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Marina Silva tem “palanque” em Pernambuco UESLEI MARCELINO/REUTERS

Dilma Rousseff tem “palanque” no Pará, Aécio beneficia desse suposto privilégio em São Paulo e Marina Silva ainda conserva esse activo no Pernambuco, o estado que Eduardo Campos governava. Ter ou “formar palanque” justifica-se à luz um país de dimensão continental: sem aliados fortes nos estados, seria difícil a um candidato fazer chegar a sua mensagem a todo o país.

Ter como aliados governadores é um poderoso instrumento de campanha. É, ou pelo menos, era, no tempo dos comícios, quando a população brasileira não tinha acesso à televisão nem Internet, que hoje liga à rede metade dos cidadãos. É por isso que, mesmo com o palanque do governador Geraldo Alkmin, Aécio Neves não descola nas sondagens em São Paulo; é por isso que Dilma consegue arrasar os seus oponentes até no Pará, governado por Simão Jatene, do partido de Aécio (PSDB).

Mais importante do que os “palanques” é o tempo de antena nas televisões (50 minutos diários). A distribuição desse tempo faz-se de acordo com a representação na câmara de deputados. Como a base aliada de Dilma, com nove partidos, conta com as duas bancadas mais numerosas (a do PT e do PMDB), Dilma dispõe de 11’24’’. Aécio, também com nove partidos, fica com 4’35’’. E os seis partidos da coligação de Marina ficam pelos 2’03’’. Esta fórmula de cálculo repete-se nos tempos de antena das campanhas dos estados.

A televisão e a linhagem são por isso dois trunfos fundamentais para se ganharem eleições. Tiririca, um comediante, foi eleito em 2010 com 1,3 milhões de votos por ser conhecido na TV. Nesta campanha tentam a sua sorte Sula Miranda, uma cantora popular conhecida como a “Rainha dos Caminhoneiros”, Diego Alemão, vencedor do Big Brother, ou Manoel dos Santos Silva, que se apresenta com o nome de Bin Laden para “aparecer mais nas emissoras”, como o próprio confessou ao jornal Folha de São Paulo.

Não havendo fama (ou truques), há que confiar no peso político das famílias - a quantidade de candidatos com o apelido “Filho” ou “Neto” multiplicam-se. No Brasil herdeiro da tradição senhorial, “a família é como uma griffe”, na avaliação do candidato a deputado federal pelo Maranhão Márcio Jardim, do PT. Conta, mas já contou mais. Por isso Hélder Barbalho aparece nos cartazes como o Helder15 – com tantas acusações de corrupção, o poder do outrora poderoso Jader Barbalho, um rei no Pará, já não é o que era.

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