Jornais oferecem edições por causa do furacão Sandy

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Avisos colocados nas estações dão conta da paragem dos transportes públicos Foto: Brendan McDermid/Reuters

Por causa do furacão Sandy, que vai chegar nesta segunda-feira a terra firme na costa leste dos EUA, os jornais The New York Times e Wall Street Journal decidiram abrir as edições online, habitualmente pagas e fechadas para quem não é assinante. No primeiro caso, todos os artigos relacionados com o furacão são de livre acesso, no segundo a borla aplica-se a todo o site.

Normalmente, o The New York Times tem um limite de dez artigos grátis por mês, no Wall Street Journal uma assinatura digital de 4,99 dólares (3,87 euros) dá acesso ilimitado aos conteúdos digitais. Não é a primeira vez que aqueles dois diários de Nova Iorque oferecem as notícias em alturas de forte temporal. Já o tinham feito em Agosto de 2011, para que todos os leitores pudessem acompanhar as notícias sobre o furacão Irene, a última grande tempestade a passar pela costa leste, onde se situam grandes cidades como Miami, Washington, Nova Iorque ou Boston.

O furacão chegará a terra firme à tarde (final do dia em Portugal), mas horas antes Nova Iorque está parada à espera da tempestade que, segundo algumas previsões, poderá ser a mais forte de sempre a atingir a costa leste. O furacão já foi rebaptizado como Frankenstorm, devido à força que a tempestade (storm em inglês) pode ter – e à proximidade com a festa do Halloween, que se celebra de quarta para quinta-feira.

A seriedade do momento pode ser avaliada também pelas reacções de precaução, que mobiliza forças municipais, estaduais e federais. O Presidente Barack Obama, que viu a sua campanha presidencial condicionada, lançou um vivo apelo para que as pessoas tomem todas as precauções. O mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, anunciou a retirada de 375 mil pessoas das zonas baixas da cidade. E pela primeira vez desde os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, a bolsa de Nova Iorque está fechada, nesta segunda-feira. É possível que esta medida se estenda até terça-feira (ainda não foi dada a confirmação).

Desde as 19h de domingo que o metro de Nova Iorque está encerrado. As 1759 escolas da cidade não vão abrir no início desta semana. Milhares de pessoas estão presas em aeroportos, de Washington a Boston. Entre domingo e terça-feira, há 8000 voos cancelados, segundo o site FlightAware.

O furacão - que já causou 66 mortos na sua passagem pelas Caraíbas - só irá atingir a costa dos Estados Unidos segunda-feira à tarde, algures entre Maryland e Nova Inglaterra. Mas devido à sua dimensão, a tempestade já se faz sentir desde a véspera na costa.

O pior cenário possível

Meteorologistas ouvidos pela Associated Press temem “o pior cenário possível”. Numa cidade como Nova Iorque a grande preocupação não são os ventos mas a água: ondas gigantes e marés altas que, combinadas com chuvas torrenciais, causarão inundações, explicou , Louis Uccellini, director de previsões metereológicas da agência nacional para os oceanos e a atmosfera.


Segundo Rick Knabb, director do Centro Nacional para os Furacões, a água pode subir entre 1,8 metros e 3,4 metros nas zonas costeiras de Nova Iorque e New Jersey.

No site do The New York Times é possível perceber, num mapa, quais foram as zonas evacuadas e as que estão em perigo, assim acompanhar o céu da cidade, em fotografias tiradas a cada 60 segundos por câmaras instaladas no edifício da redacção, no 51.º piso da 8.ª Avenida, em Manhattan.

Além de Nova Iorque, cidades como Boston, Baltimore, Washingtonou Filadélfia irão ser afectadas pela tempestade. Prevê-se que o Sandy provoque chuvas intensas com uma altura de 30 centímetros em algumas áreas, e até fortes nevões no interior do continente, quando continuar a sua trajectória para norte. Na costa, o maior perigo é as inundações que podem prolongar-se durante várias marés.

Mais de 50 milhões serão afectados

A Casa Branca estima que entre 50 e 60 milhões de pessoas serão afectadas pelo furacão.


O Presidente Barack Obama decidiu cancelar as viagens a Virgínia, na segunda-feira, e ao Colorado, na terça-feira, onde iria participar em comícios eleitorais para as eleições presidenciais a 6 de Novembro. Em vez disso, não sairá de Washington, onde vai estar a acompanhar os efeitos da tempestade. Mitt Romney, o candidato republicano, também desistiu do comício na Virgínia marcado para este domingo, quando se começou a sentir a tempestade, e, em vez disso, fará campanha no Ohio.

Nas Caraíbas, aquela que poderá ser a maior tempestade de sempre a atingir os Estados Unidos já causou a morte de 66 pessoas, na passagem por Cuba e pelo Haiti, a 24 e 25 de Outubro.

O furacão continuou a subir o Atlântico e acabou por se fundir com uma corrente de ar árctico que potenciou a sua força. Às 3h deste domingo, estava a 490 quilómetros da Carolina do Norte, com ventos máximos de 120 quilómetros por hora e a mover-se a 22 quilómetros por hora.

Os ventos mais fortes, que atingem velocidades de furacão, afectam uma área de 165 quilómetros de diâmetro, mas os ventos com forças de tempestade tropical estendem-se a uma área com diâmetro de 1125 quilómetros. “Não há hipótese de se evitar uma tempestade significativa”, disse Rick Knabb à agência Reuters. “Só não conseguimos localizar com precisão quem vai apanhar com a pior parte.”

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