Amanda Knox chegou a Seattle mas vai desaparecer durante algum tempo

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Amanda Knox no aeroporto de Seattle Reuters

Uma viagem de avião fez desaparecer o sorriso rasgado de Amanda Knox, a mulher que cumpria uma pena de 26 anos de prisão em Itália pelo assassínio da colega de quarto e que foi considerada inocente e libertada na segunda-feira.

No aeroporto de Londres onde apanhou o avião para casa, mostrou-se feliz. Mas ao aterrar, estava chorosa. E foi trémula e tímida e com algumas lágrimas que fez uma curta declaração aos jornalistas, centenas deles. "Estou abismada. No avião vinha a olhar cá para baixo e tudo me parecia irreal", começou por dizer. "Neste momento, o que é importante é eu dizer obrigada a todos os que acreditaram em mim, aos que me defenderam e aos que apoiaram a minha família. Neste momento, o mais importante para mim é a minha família e só quero ir-me embora com eles".

E partiu, com os pais, que estão divorciados, os irmãos e outros parentes.

Os jornalistas não puderam fazer perguntas, e os que as fizeram ficaram sem respostas. Por exemplo: o que vai fazer a seguir, se vai continua a viver no bairro de classe média e operária na zona ocidental de Seattle, se vai escrever um livro, ela que quando partiu para Itália, para um ano de estudo numa faculdade em Perugia, dizia que escrever era uma das coisas que mais gostava de fazer.

Em pouco tempo, a cadeira com o nome Amanda Knox gravado que a esperava no aeroporto de Seattle, ficou vazia. E os jornalistas partiram para acampar à porta da casa da família.

Por isso, como confidenciou um amigo da família à agência Reuters, é possível que Amanda, pais e irmãos "desapareçam" por algum tempo.

O assédio dos média começou no tribunal e seguiu-a, literalmente, até casa. Mal foi pronunciado o veredicto de inocente, Knox partiu para Roma onde apanhou um voo para Londres e, depois, outro para os EUA. Viajou em primeira classe, para ficar isolada dos olhares e dos jornalistas e fotógrafos que foram conseguindo apanhar o mesmo avião.

Knox fora condenada a 26 anos de prisão pelo assassinio da colega de quarto, Meredith Kercher, que foi encontrada degolada e com sinais de espancamento no corpo, depois de ter sido violada. O então namorado de Knox, Raffaelle Sollecito, foi igualmente condenado, a 25 anos de prisão, e um terceiro homem, um pequeno traficante de droga da Costa do Marfim, a 16. Na segunda-feira, só a sentença do último, Rudy Guede, se manteve. Amanda Knox cumpriu quatro anos de prisão, tendo agora o tribunal considerado que deveria ser libertada por terem sido cometidos erros graves por parte da polícia na recolha das provas e da justiça ao lidar com elas.

No seu bairro de Seattle, os vizinhos afixaram cartazes a dizer "Bem vinda a casa Amanda". Alguns, foram ao aeroporto mostrar solidariedade. "Vim dar-lhe apoio", disse Stephanie Torreblanca, estudante universitária de 21 anos. "Acho que ela é inocente, se não achasse não estava aqui", disse a rapariga à Reuters.

Com pouco para contar, as agências noticiosas e as televisões deram conta de que a pessoa que chegou na terça-feira à noite a Seattle pouco tinha a ver com a rapariga que de lá saira para um ano de estudos e aventura em Itália, depois de ter completado o liceu numa escola de jesuítas frequentada pela elite e de ter entrado na universidade. Além de gostar de escrever, a Amanda Knox que partiu de Seattle tinha como filme preferido uma animação, À Procura de Nemo, participava em musicais, jogava futebol e fazia escalada.

Sobre o que é, hoje, ou sobre o que irá fazer, Amanda Knox nada disse. Uma das pessoas que foi apoiá-la ao aeroporto, Gary Foster, investidor de Nova Iorque reformado, talvez tenha adivinhado: "provavelmente, ela vai conversar com a família e descansar umas semanas. Depois, vai viver a vida dela, tem-na toda pela frente".

Em Itália decorre já o processo de recurso deste novo veredicto, mas a decisão deverá demorar um ano. E a própria Knox já disse que não regressará a Itália para saber o fim da história.

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